sexta-feira, 30 de maio de 2014

Karatê e suas origens


O Karatê possui princípios filosóficos como um dos seus principais ensinamentos. Esses princípios são determinantes para polir o ser humano.
Uma vez adquirida estas virtudes, ele poderá adotar uma postura invejável e assimilará com facilidade o Karate-Do. É baseado nesses princípios que deve viver um praticante de karatê, levando estes conceitos para todos os segmentos de sua vida: seja na família, nos estudos, no trabalho, no convívio com os amigos, etc.
O praticante de karatê, segundo o Mestre Funakoshi, deve manter a mente distante do egoísmo e da maldade, devendo buscar a pureza de pensamentos, porém, deve estar em alerta para reagir adequadamente a tudo que encontrar pela frente.
Este é o significado filosófico do sufixo “Kara” (vazio) e “Te” (Mão) da palavra Karatê, que significa a ausência de pensamentos negativos ou inferiores, significando também a “Arte de lutar com as mãos vazias”.

Karatê Shotokan
Os alunos do Mestre Funakoshi construíram um dojo (道場, local de treinamento) em sua homenagem e o chamaram de Shotokan (Escola de Shoto). Acredita-se que a origem do nome do estilo seja essa. O Dojo Shotokan, infelizmente, foi destruído durante um bombardeio na II Guerra Mundial.
Shotokan (松 涛館) é uma escola de karatê criada por Gichin Funakoshi (1868-1957). Inicialmente o Mestre Funakoshi não acreditava em criação de estilos e sim que todo karatê deveria ser um só, mesmo com as diferenças naturais de ensino que variam de professor para professor. Shoto era como Funakoshi assinava seus poemas, significa pinheiros ondulando ao vento e kan significa escola.
O estilo Shotokan caracteriza-se por bases fortes e golpes no corpo inteiro. Os giros sobre o calcanhar em posição baixa dão fluidez ao deslocamento e todo movimento começa com uma defesa. Este é um estilo em que as posições têm o centro de gravidade muito baixo, e em que a técnica de um “simples” soco direto, pode nunca ser dominada, e só o é com muitos anos de treino, mas quando a técnica é dominada o seu poder é incrível e quase sobre-humano.
No karatê shotokan são levados a sério fatos como a concentração e o estado de espírito, pois sem concentração e um estado de espirito leve, mas determinado, a técnica de pouco serve, devendo estes dois atributos se expandirem com a pratica e determinação.
As principais bases do estilo Shotokan são: HEIKO-DACHI, KAKE-DACHI, KIBA-DACHI, KOKUTSU-DACHI, TSURUACHI-DACHI, MUSUBI-DACHI, NEKOASHI-DACHI, SANCHI-DACHI, SHIKO-DACHI, UCHINACHIJI-DACHI E ZENKUTSU-DACHI. Sendo que as bases fundamentais, presentes na maioria dos kata são: Zenkutsu-dachi, Kokutso-dachi e Kiba-dachi.
Possui 26 kata (ou forma, trata-se de uma sequencia de movimentos contra 4 ou mais adversários executados de tal forma sincrônica), seguindo ainda um método de ensino que divide a aula em três partes (o já citado kata, o kumitê e o kihon.).
Os kata auxiliam o iniciante a assimilar o estilo e aprender as técnicas básicas de movimentar-se, defender-se e atacar. Para o avançado, os kata são um confronto com as ideias dos antigos mestres, nestes confrontos os atuais praticantes entendem os segredos da arte, que só são aprendidos mediante prática exaustiva e não oralmente.

Graduação
O número de graduações é dependente das várias organizações existentes, mas todas elas começam pelos Kyu e vão até aos Dan.
Nos Kyu, a ordem é decrescente, enquanto que nos Dan, a ordem é crescente.
Os Kyu caracterizam-se pelo fato de haver faixas de várias cores, enquanto que nos Dan predomina o preto, podendo haver organizações que nos níveis mais altos utilizam um cinto de duas cores alternadas: vermelho e branco.
Kyu significa nível e Dan significa grau, sendo a primeira faixa preta, a de 1º Dan, a segunda faixa preta, a de 2º Dan e assim por diante em ordem crescente. Num plano simbólico, o branco representa a pureza do principiante e o preto refere-se aos conhecimentos apurados durante anos de treino intenso.

Filosofias do Karatê-Do tradicional
DOJO KUN:
• HITOTSU – JINKAKU KANSEI NI TSUTOMURU KOTO (Esforçar-se para formação do caráter)
• HITOTSU – MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTO (Ser fiel ao verdadeiro caminho da razão)
• HITOTSU – DORYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO (Criar o intuito de esforço)
• HITOTSU – REIGI O OMONZURU KOTO (Respeitar, acima de tudo)
• HITOTSU – KEKKI NO YU O IMASHIMURU KOTO (Reprimir o espírito de agressão)

NIJU KUN:
O Niju Kun é a síntese do pensamento de Funakoshi sobre como deve ser o espírito do praticante de karatê. São vinte preceitos cujo propósito é dar subsídios à cerca da prática cotidiana do karatê, servindo também como um guia para o autoconhecimento:
• O karatê começa e termina com saudação (rei).
• No karatê não existe atitude ofensiva.
• O karatê é um assistente da justiça.
• Antes de julgar os demais, procure conhecer a si mesmo.
• O espírito é mais importante do que a técnica.
• Evitar o descontrole do equilíbrio mental.
• Os infortúnios são causados pela negligência.
• O karatê não deve se restringir ao dojo.
• O aprendizado do karatê deve ser perseguido durante toda a vida.
• O karatê dará frutos quando associado à vida cotidiana.
• O karatê é como água quente. Se não receber calor constantemente esfria.
• Não alimentar a ideia de vencer, pense em não ser vencido.
• Adaptar sua atitude conforme for o adversário.
• A luta depende do manejo dos pontos fracos (kyo) e fortes (jitsu).
• Imagine que os membros dos adversários são como espadas.
• Para o homem que sai do seu portão, há milhões de adversários.
• No início seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se naturais.
• A prática de fundamentos deve ser correta, porém sua aplicação é diferente.
• Não esqueça de aplicar: (1) alta e baixa intensidade de força, (2) expansão e contração corporal e (3) técnicas lentas e rápidas.
• Estudar, praticar e aperfeiçoar-se sempre.

O significado de OSS
OSS (a transcrição exata do japonês é OSU) é uma expressão fonética formada por dois caracteres. O primeiro caractere “osu” significa literalmente “pressionar”, e determina a pronúncia de todo o termo. O segundo caractere “shinobu” significa literalmente “suportar”.
A expressão OSS foi criada na Escola Naval Japonesa, e é usada universalmente para expressões do dia-a-dia como “sim”, “por favor”, “obrigado”, “entendi”, “desculpe-me”, para cumprimentar alguém, etc. Bem como no mundo do karatê para quase qualquer situação onde uma resposta seja requerida. Para um karateka, OSS é a palavra mais importante.
A palavra OSS implica pressionar a si mesmo ao limite de sua capacidade e suportar. OSS significa, de uma maneira mais simples, “perseverança sob pressão”. É uma palavra que por si só resume a filosofia do Karatê. Um bom praticante de Karatê é aquele que cultiva o “espírito de OSS”.
Obs.: Não deve ser dito de forma relaxada, usando apenas a garganta, mas, como tudo no Karatê, deve ser pronunciado usando o “hara” (tanden). Pronunciado durante o cumprimento, OSS expressa respeito, simpatia e confiança no colega. OSS também diz ao Sensei que as instruções foram compreendidas, e que o estudante irá fazer o melhor para segui-las.

Suas principais aplicações
1. Ao chegar e ao sair do Dojo: O karateca ao chegar na entrada do dojo assume a posição de cumprimento em pé (Ritsurei), pronuncia vigorosamente a palavra “OSS!”, para avisar ao Sensei (instrutor chefe ou o presente), aos Senpai (mais graduados ou mais antigos) e o Kohai (menos graduados ou menos antigos) de sua chegada ou saída, quando o dojo estiver vazio o karateca o faz em respeito ao dojo a ao Mestre Funakoshi (tratando-se de Saudação Simbólica)
2. Quando do encontro com outro colega de karatê: A saudação “OSS!” é a que deve chegar primeiro, de maneira vigorosa e com vivacidade, partindo sempre do Kohai para o Senpai, o aperto de mãos que vem em seguida já se procede de maneira contrária, sendo assim do Senpai para o Kohai e, claro, o Senpai não se negará a apertar a mão do Kohai, caso o mesmo venha e estender primeiro.
Obs. A saudação “OSS!” é impessoal, independe do grau de simpatia entres os karatecas, quando um deles se nega, por qualquer motivo, a responder a saudação, o mesmo está sujeito às sansões disciplinares prevista no regimento interno de sua academia, por não condizer essa atitude com a filosofia do KARATE-DO, seja qual for o estilo.

KIHON:
Os fundamentos técnicos do karatê são passados aos alunos através dos treinamentos de kihon, porém, no início, tais princípios eram repassados por intermédio dos kata. É no kihon que o praticante irá desenvolver todo o seu potencial para a arte marcial, bem como preparar o seu corpo para as agruras que virão com o passar dos anos de treino.
É também no kihon que o praticante desenvolve o espírito de karateca, pois este é o momento onde os princípios do dojo kun são postos à prova real e o corpo irá padecer caso o espírito seja fraco ou o desejo de ser karateca não seja verdadeiro. O caminho do karatê é vislumbrado pela primeira vez durante os exercícios de kihon, e o sentimento de dever cumprimento se manifesta com maior intensidade, mesmo quando o corpo está exausto e quase sem forças para andar.

KUMITE:
Kuminte significa luta, combate. É a aplicação prática das técnicas do karatê diante de um adversário real.
Seu objetivo é demonstrar a efetividade tanto das técnicas de ataque como de defesa.
Os pontos importantes a se observar no trabalho do Kumite são a distância, a velocidade, a reação, a antecipação, o controle e a correta aplicação de ataque e defesa.
O kumite permite desenvolver a tática e a estratégia. Seu aprendizado é progressivo e inclui:
KIHON KUMITE: Combate básico.
GOHON KUMITE: Combate a cinco passos, que tem por objetivo fortalecer o vigor dos praticantes através de sequências de ataque e defesa. O gohon kumite deve ser praticado a exaustão, procurando realizar cada movimento com a maior precisão e fidelidade possível.
SANBON KUMITE: Combate a três passos, tendo por objetivo aumentar a agilidade de quem ataca e de quem defende. Deve ser executado com a máxima intensidade e velocidade de movimentos, pois só assim o controle necessário ao domínio das técnicas utilizadas poderá ser alcançado. O corpo deverá trabalhar como uma unidade que se desloca pela área de combate.
KIHON IPPON KUMITE: Combate básico.
IPPON KUMITE: Combate a um passo, tendo por objetivo criar no praticante a ideia de vencer com um único golpe para isso é necessário o desenvolvimento de habilidades acessórias, como observação, para análise das situações. A noção de espaço e tempo (maai em japonês) torna-se fator preponderante, bem como o conhecimento real do próprio corpo e de seus limites físicos e mentais.
JYU IPPON KUMITE: Combate semi-livre a um único golpe, tendo por objetivo favorecer o desenvolvimento de vivências corporais nas situações de luta real e assim preparar o corpo e a mente para as mesmas.
SHIAI KUMITE: Combate com regras oficiais e tempo definido (luta de competição).
JYU KUMITE: Combate livre, sem regras, uso livre de todo o tipo de técnica, tanto de braços como de pernas, luxações, projeções, estrangulamentos, etc. Todos com ataques, defesas e zonas de ataque definidos.
Kata do Estilo Shotokan

KATA:
Os kata são a essência do estilo de karatê, neles estão contidas as técnicas de grandes mestres. Cada kata representa uma situação diferente pela qual o carateca esta passando. Sendo que os kata só terão o seu significado realmente compreendido por aquele que os pratica com maior frequência. Um grande mestre do passado disse que um kata só deve ser mostrado a outros quando ele for praticado 10.000 vezes, com uma pratica dessa quantidade pode realmente alcançar o real significado de cada técnica contida no kata e não a simples ordenação dos movimentos, pois o kata não deve ser dublado e sim vivido, deve-se incorporar a situação para que ele possa vir a ter um proveito real para o praticante.
1. Para cada kata, o número de movimentos é fixado. Eles têm que ser executados na ordem correta.
2. O primeiro movimento e o último de cada Kata, que tem de ser executado no mesmo ponto da linha de atuação. Ele tem formas variadas, dependendo do Kata, como linha reta, forma de T, forma de I, e assim por diante.
3. Existem Kata que precisam ser aprendidos e outros que são opcionais. Os primeiros são os cinco Kata Heian e os três Kata Tekki. Os últimos são: Bassai, Kanku, Empi, Hangetsu, Jitte, Gankaku e jion. Os outros Kata são: Meikyo, Chinte, Nijushiho, Gojushiho, Hyakuhachiho, Sanchin, Tensho, Unsu, Sochin e Seienchin.
4. Para executar dinamicamente um kata, três regras devem ser lembradas e observadas:
• O uso correto da força.
• A velocidade do movimento, lento ou rápido.
• A expansão e contração do corpo. A beleza, a força e o ritmo do Kata dependem desses três fatores.
5. No início e término do Kata, a pessoa faz uma inclinação. Isso faz parte do Kata. Ao fazer sucessivos exercícios de Kata, incline-se no começo e ao terminar o último kata.

Os Kata do Shotokan
HEIAN (Paz e Tranquilidade): Há cinco formas de Heian (shodan, nidan, sandan, yondan, godan), contendo uma grande variedade de técnicas, sendo quase todas relacionadas a posturas básicas. Alguém que tenha aprendido estas cinco formas pode estar seguro que é capaz de defender-se com muita habilidade na maioria das situações. O significado do nome deve ser levado em consideração neste contexto. Visto que os heian são derivações de um kata mais avançado (Kanku Dai). Os Heians são aprendidos nas faixas iniciais, sendo o Heian Shodan geralmente o 1º Kata que se aprende no karatê shotokan ainda na faixa branca, é seguido pelos Kata: Heian Nidan (faixa amarela), Heian Sandan (faixa vermelha), Heian Yondan (faixa laranja) e Heian Godan (faixa verde), na faixa roxa geralmente se aprende alguns kata superiores.
TEKKI (Cavaleiro de Ferro) ou (Andar a Cavalo):
Há três formas: shodan, nidan e sandan.
O nome refere-se à característica distinta deste Kata que é sua postura Kiba-dachi, como montar a cavalo. Neste as pernas são fortemente posicionadas bem abertas, como se fosse para sentar no dorso de um cavalo, e a tensão é aplicada nas bordas externas das solas dos pés com a sensação de concentrar a força em direção ao centro, sendo praticado para o desenvolvimento do kime (força).
BASSAI (Romper a Fortaleza) ou (Atravessar a Fortaleza): É um kata que reuni as principais técnicas básicas do karatê Shotokan. Este sugere o confronto contra um adversário superior, que não tenha pontos fracos (fortaleza), no qual o praticante terá que superar os seus próprios limites para conseguir a vitória. Há duas formas de Bassai (Dai e Shô). Sendo que a forma Sho foi desenvolvida pelo mestre Funakoshi.
KANKU (Olhar Para O Céu) ou (Contemplar o Céu): O nome deste Kata derivou-se originariamente do mesmo introduzido por Ku Shanku, integrante do exército Chinês. O nome refere-se ao primeiro movimento do Kata, no qual se levanta as mãos e olha para o céu. Há duas formas de Kanku (Dai e Shô), um curta e outra longa, o Kanku Dai é um kata que tem um pouco de cada heian (Shodan, Nidan, Sandan, Yondan e Godan), e é um dos kata mais longos do Shotokan, o Kanku Sho foi desenvolvido pelo mestre Funakoshi.
JITTE (Dez Mãos) ou (Dez Técnicas): Nas formas remanescentes pertencem ao estilo Shorei, os movimentos são um tanto mais pesados quando comparados àqueles do estilo Shorin. A postura é bastante audaz. Proporcionam um bom condicionamento físico, embora sejam difíceis para iniciantes. O nome Jitte sugere que alguém que tenha aprendido este Kata seja tão eficiente como cinco homens de uma só vez.
HANGETSU (Meia-Lua): Nos movimentos para frente, neste Kata, são descritos semicírculos com as mãos e os pés de maneira característica, sendo seu nome derivado deste fato. Um das grandes características é a respiração, sendo devidamente trabalhada de forma sincrônica com os movimentos.
EMPI (O Voo Da Andorinha): A movimentação característica deste Kata é o ataque a um nível mais acima do solo. Na sequência, segura o opoente e o induz a permanecer em uma posição específica, simultaneamente avançando e atacando novamente. O movimento representa o voo rápido e ágil da andorinha. É, sem dúvida, um do kata mais rápidos do estilo.
GANKAKU (O Grou Sobre a Rocha): A característica deste Kata é a postura em uma só perna que ocorre repetidamente. Representa a visão esplêndida de uma garça pousada em total equilíbrio em uma pedra, prestes a lançar-se sobre a sua vítima.
JION (Amor e Gratidão): Este é o nome original e tem aparecido frequentemente na literatura chinesa desde os tempos antigos. O Jionji é um famoso velho templo Budista, e há um santo Budista bastante conhecido chamado Jion. O nome sugere que o Kata tenha sido introduzido por alguém identificado com o Templo Jion, assim como o nome Shorin-ji Kempo deriva de uma relação com o Templo Shorin. É um kata de base pesadas.
CHINTE (Mãos Estranhas) ou (Técnicas Estranhas): Possui este nome por conta de técnicas não tanto comuns, (dedo nos olhos) e coisas do género. Este trata de uma situação que o oponente tem uma vantagem física, tornando necessário atacar em um ponto do corpo onde não haja vantagem física.
UNSU (Mãos e Nuvens): O Kata com o estilo do Dragão por Mestre Aragaki. Onde ele o treinou não se tem conhecimento, mas as grandes influências Chinesas neste Kata sugerem que tenha sido certamente em continente chinês. O nome usado em Okinawa é Unshou e significa “Defesa Contra A Nuvem”, ou seja, mesmo se seus inimigos cercarem você como uma nuvem, com certeza você os vencerá se tiver aprendido o Unsu. Este é sem dúvida o kata mais curioso do estilo Shotokan, possuindo técnicas das mais variadas formas, das mais simples as mais complexas, que são indicadas somente aos praticantes de alto nível técnico.
SOCHIN (Espírito Inabalável): Este nome sugere que o praticante que o domine não temerá nada. É um kata de bases bastante pesadas primando para um bom desenvolvimento da base, postura e força.
NIJUSHIHO (Vinte e Quatro Passos): Um kata bem complexo apesar da pouca quantidade de movimentos. Este faz uma rápida mudança de direção e uma grande variação de técnicas de defesa e contra-ataque.
GOJUSHIHO (Cinquenta e Quatro Passos): Há duas formas de Gojushiho (Dai e Shô), sendo estes uns dos maiores kata do estilo shotokan. Neles existem técnicas bem singulares não sendo vistas em nenhum outro kata shotokan.
MEIKYO (Espelho Limpo) ou (Espelho da Alma): Este é um Kata muito misterioso. Presume-se que os japoneses o conheciam muito antes de ser introduzido o Karatê de Okinawa pelo Mestre Funakoshi no Japão. Há até mesmo uma lenda japonesa a respeito de Amaterasu, a Deusa do sol. Ela havia perdido seu espelho e não podia admirar-se, ficando muito aborrecida. Desta maneira, o mundo ficou em trevas. Finalmente os outros deuses decidiram que alguma coisa deveria ser feita, então enviaram um grande guerreiro para realizar a “Dança da Guerra” do lado de fora da caverna. A “Dança Da Guerra” foi nomeada Meikyo. Meikyo é traduzido como “O Espelho da alma”. O nome antigo para Meikyo era Rohai, o qual está agora voltando a ser usado.
JIIN (Amor e Proteção): Este segue o mesmo principio do JION, sendo um kata de base pesadas e sempre visando uma melhor postura do praticante.
WANKAN (Coroa Real): Este kata era conhecido no passado pelo nome de Shiofu e Hito, que significava a Coroa do Rei. É o Kata mais curto do Karatê Shotokan, só com um Kiai. Como não fazia parte do grupo inicial de kata introduzidos por Gigin Funakoshi no Japão, é geralmente aceito que foi o filho Yoshitaka Funakoshi que a introduziu no Shotokan, numa nova versão, por si trabalhada e modernizada. Devido a sua dimensão, existe a ideia que é um kata inacabado, cujo desenvolvimento foi interrompido com a morte precoce de Yoshitaka Funakoshi. Esta tese ganha significado, já que as versões atualmente existentes em outros estilos de Okinawa são bastante compridas. É um kata singular, que contém técnicas básicas e avançadas como torções. É o menor do estilo shotokan.

Karate-Do Tradicional
O Karate-Do tradicional é uma arte marcial originada a partir das técnicas de defesa pessoal sem armas de Okinawa, e tem como base a filosofia do Budo japonês.
Os objetivos do Karate-Do tradicional são definidos pela filosofia do Budo, que se traduz na busca constante pelo aperfeiçoamento pessoal, sempre contribuindo para a harmonização do meio onde se está inserido. Através de muita dedicação ao trabalho, treinamento rigoroso e vida disciplinada, o praticante de Karate-Do tradicional caminha em direção dessas metas, formando seu caráter, aprimorando sua personalidade.
Nesse sentido, pode-se afirmar que o Karate-Do tradicional contribui para a formação integral do ser humano, não podendo, portanto, ser confundido com uma prática puramente esportiva. “Tradição é um conjunto de valores sociais que passam de geração a geração, de pai para filho, de mestre para discípulo, e que está relacionado diretamente com o crescimento, maturidade, com o indivíduo universal.”
Cada pessoa pode ter objetivos diferentes ao optar pela prática do Karate-Do tradicional, objetivos estes que devem ser respeitados. Cada um deverá ter a oportunidade de atingir suas metas, seja elas tornar-se forte e saudável, obter autoconfiança e equilíbrio interior ou mesmo dominar técnicas de defesa pessoal. Autocontrole, integridade e humildade resultarão do correto aproveitamento dos impulsos agressivos existentes em todos nós.
Karate Ni Sente Nashi” é uma famosa expressão do mestre Gichin Funakoshi, que define claramente o propósito antiviolência do Karate-Do Tradicional: “No karatê não existe atitude ofensiva”.
Se o adversário é inferior a ti, então por que brigar? Se o adversário é superior a ti, então por que brigar? Se o adversário é igual a ti, compreenderá o que tu compreendes. Sendo assim, então não haverá luta. Honra não é orgulho, é consciência real do que se possui.
Karate-Do Tradicional também pode ser visto como uma ótima ferramenta de manutenção da saúde, uma vez que suas técnicas contribuem para a formação de hábitos saudáveis como os cuidados com a postura, a respiração com o diafragma e a meditação Zen. Entende-se como saúde não só o estado de “ausência de doenças”, mas também o bem-estar físico, mental e espiritual do ser humano.
Como defesa pessoal, o Karate-Do tradicional mostra eficiência e eficácia em suas técnicas, possibilitando ao lutador defender-se de qualquer tipo de inimigo. No entanto, mais que um simples conjunto de técnicas, o Karate-Do tradicional ensina ao seu praticante algo muito além do confronto físico, que é a intuição e o discernimento perante uma situação de perigo, permitindo ao lutador captar a intenção do adversário, avaliar a situação e tomar uma atitude correta e consciente.
O verdadeiro valor do karatê não está em sobrepujar os outros pela força física. Nesta arte marcial não existe agressão, mas sim nobreza de espírito, domínio da agressividade, modéstia e perseverança. E, quando for necessário, fazer a coragem de enfrentar milhões de adversários vibrarem no seu interior. É o espírito dos samurais.
A competição no Karate-Do
A busca de vitórias em competições não é o principal objetivo do Karate-Do Tradicional. As competições são um meio que permitem ao praticante fazer uma autoavaliação técnica e emocional. Vencer ou perder numa competição não é o mais importante, o relevante é o crescimento como lutador e como pessoa que ela proporciona.
O que se exige dos lutadores numa competição de Karate-Do Tradicional é a eficiência na execução dos movimentos, ou seja, a dinâmica corporal utilizada para se aplicar os golpes, e não tão somente a velocidade ou o contato. Não basta acertar o alvo, é preciso fazê-lo da forma correta, baseado nos fundamentos técnicos do Karate-Do Tradicional. Isso exige um grande domínio físico e mental, e também estimula a busca pelo aperfeiçoamento pessoal e pelo refinamento da técnica. “Perder-se na beleza dos movimentos ou apenas buscar pontos numa luta não levam à perfeição!”
Numa competição de Karate-Do Tradicional não há divisão de pesos. O lutador cujo físico é pequeno poderá vencer o grande, se estiver bem preparado. Ele deverá estar disposto a enfrentar qualquer adversário, seja qual for o seu tamanho.

Modalidades de competição
Kata individual (apresentação individual de kata): Durante as fases eliminatórias, dois competidores executam o mesmo kata (que é escolhido pelo árbitro central) lado a lado, e o vencedor é aclamado pelos árbitros através de bandeiras. Na fase final, os competidores apresentam-se um de cada vez, executando o kata de sua escolha, e a decisão é tomada pela média das notas de todos os árbitros, descontando-se desta a maior e a menor nota.
Kata em equipe: Apresentação de kata e respectiva aplicação (bunkai) em equipes de três pessoas: Após a apresentação do kata, a equipe deverá apresentar uma aplicação para as técnicas do kata escolhido. A decisão é sempre tomada por nota.
Kumite individual: Combate individual.
Kumite em equipe: Combate em equipes de cinco pessoas: A cada luta são somados os pontos de cada lutador aos pontos de sua equipe. Será vencedora a equipe que obtiver o maior número dos pontos ao final da última luta.
Enbu: Teatro marcial. Apresentação de aplicações de técnicas de Karate em duplas. A decisão é tomada por nota dos árbitros.
Fuku Go: Disputa individual que engloba kata e kumite, alternando a cada rodada. A ITKF instituiu o Kitei como kata oficial das competições de Fuku Go, para permitir as disputa direta (lado a lado) de competidores de estilos diferentes.
O Dojo e a conduta do Karateca
Os rituais em todos os Dojo propõem aos praticantes uma série de atitudes e gestos que facilitam as relações entre eles deixando claro o desejo comum de obedecer a uma ordem válida para toda a comunidade e para cada um. A intenção do praticante é sempre a de estimular o progresso na arte de todas as pessoas sem perder o desenvolvimento individual.
A prática de karatê está repleta de exercícios marciais, combativos, porém com um total espírito de conciliação, buscando a vitória pela harmonia, pela paz, procurando esquecer as atitudes egoístas e pensando sempre no grupo e como sendo parte dele. O karateca treina com seu companheiro com todo respeito e consideração, pois o considera como parte de si mesmo e sem o qual não há treinamento.
Daí ser fundamental tratar o companheiro com cortesia e agradecimento por ele dá a possibilidade de você treinar e de aprender com ele. Ao professor, se deve o respeito e o agradecimento pela transmissão dos conhecimentos e pela dedicação e esforço em ensinar segredos que foram por muitos séculos restritos a uma minoria privilegiada. Respeitar e se fazer respeitar é uma das regras mais importantes durante os treinamentos. Conciliar e nunca confrontar é o princípio básico. Esquecer-se da palavra “eu” e substitui-la pela palavra “nós” é a essência do ensinamento. Outro ponto fundamental é que não se treina karatê, mas sim, para a vida. Portanto, fica claro ao praticante e ao grupo que o fundamental não é vencer, não é derrubar, não é ser o mais forte, mas descobrir o potencial individual, o centro das ações e se, ele não for o centro, colocar-se em uma de suas órbitas, de acordo com suas reais condições.

Dojo
O lugar onde se pratica Artes Marciais é denominado “Dojo”, esta palavra foi emprestada do Zen Budismo, significando “Lugar de Iluminação” (onde os monges praticavam a meditação, a concentração, a respiração, os exercícios físicos e outros mais). A palavra dojo significa literalmente:
DO: caminho, estrada ou trilha (sentido espiritual).
JO: lugar (espaço físico).
Algumas pessoas referem-se à academia de karatê como um dojo, porém, são duas coisas distintas. A palavra dojo somente se refere ao espaço físico onde ocorre o treino de karatê, enquanto academia se refere ao local onde se pratica karatê. Portanto, o dojo é o lugar onde se pratica o “caminho”.
Alguns podem perguntar sobre qual o caminho que se pratica em um dojo, a resposta vem, mais uma vez, do Budismo (mais precisamente do Zen). O homem deve despertar em meio às questões de todos os dias, vivendo intensamente no presente e concedendo atenção integral às coisas do cotidiano, para, desta maneira, retornar à naturalidade de sua natureza, conforme ditado Zen:
“Antes de estudar Zen, as montanhas são montanhas e os rios são rios. Enquanto estuda Zen, as montanhas deixam de ser montanhas, os rios deixam de ser rios. Uma vez alcançada a iluminação, as montanhas voltam a ser montanhas e os rios voltam a ser rios”.
Isto quer dizer que um pintor alcança a felicidade pintando, um médico realizando cirurgias e um karateca praticando karatê.
O Cumprimento
Uma demonstração tradicional de cortesia é o cumprimento, isto tanto é verdade que ele é realizado no início e no final da aula de frente para o Shomeni (forma de agradecimento àqueles que desenvolveram a arte). Ao cumprimentar, você deverá olhar para baixo e não na face do seu oponente, pois olhar na face de alguém durante um cumprimento é sinal de falta de confiança. O cumprimento pode ser feito de duas maneiras distintas.
RITSUREI: cumprimento em pé é ZAREI, enquanto cumprimento sentado é SEIZA.
A maneira correta de se cumprimentar é, partindo-se da posição natural (SHIZENTAI), curvar o corpo apenas em 30 cm e segurá-lo por meio segundo e retornar a posição ereta (ritsu rei). O cumprimento deve acontecer nas situações a seguir:
1. Quando entramos ou saímos do dojo.
2. Quando o professor entra ou sai do dojo.
3. No início e final de um combate.
4. No início e final da aula.
5. No início e final de um kata.
6. No início e final de um exercício com um companheiro.
O Zarei é realizado a partir da posição Seiza: O praticante senta-se sobre seus calcanhares e quando o fizer deverá abaixar sua perna esquerda e em seguida a direita, colocando o dedão do pé esquerdo sobre o do direito, ao levantar-se ocorre à inversão, inclinando-se o corpo e as mãos descem suavemente das coxas para o chão, formando um triângulo onde a testa tocará.
Kiai
O kiai ou “grito de força” (KI é força e AI é grito) é uma energia que nasce a partir do baixo ventre (saika tanden – aproximadamente cinco centímetros abaixo do umbigo).
Todos têm um grito de força, principalmente os grandes felinos. Geralmente, esses animais paralisam suas presas com o seu kiai antes de atacá-las. O kiai pode ser aplicado em três momentos.
1. No início de uma atividade
2. Durante a realização desta tarefa
3. No final de um trabalho
Os gritos de guerra servem para aumentar, acelerar e expor a força de ação do homem. Portanto, podem ser aplicados contra incêndios, vendavais e as fortes ondas marítimas para criar coragem e energia para enfrentá-los. Na luta individual, para colocar o adversário em movimento, o grito antecipa seus golpes e, em seguida, pode se aplicar chutes e socos. Não é necessário utilizar o grito simultaneamente com seus golpes. No decorrer da luta ele servirá para incentivar e colocar numa situação vantajosa, sendo forte e profundo. Tomar precaução ao gritar, pois se o grito for usado fora de ritmo ou de tempo ou em ocasiões impróprias poderá surgir como “contra efeito”, tornando-se prejudicial. No Japão há a prática do Kiai Do (caminho do grito da força), onde o praticante chega a ter medo do próprio grito.
Escrita correta
A palavra kata não deve ser escrita no plural, mesmo que se refira a vários kata. No idioma japonês não existe plural e muito menos as palavras são escritas no feminino. Logo a palavra kata não pode ser dita desta forma: a kata, porque não é uma palavra feminina. Diga sempre o kata, o kamae, e assim por diante.

Fonte principal:
http://www.mundo-nipo.com/ultimas-noticias/13/06/2013/karate-sua-filosofia-e-origens/
Clínica Odontológica Nippon

sexta-feira, 23 de maio de 2014

O principio do Mundo e os Primeiros Deuses “Versão Nihongi”:



Contam-nos que no princípio dos tempos, o Céu e a Terra não estavam separados e o In e o Yo divididos. Eles correspondem ao Yang e Yin Chineses que constituíam os princípios de masculino e feminino.

Os antigos escritores japoneses imaginavam a criação do mundo como seu próprio modo de nascer, talvez porque deste modo fosse mais conveniente e racional, tratando-se de que foi descrito em uma época em que não existia o conhecimento de outro continente a não ser o Asiático.

Na Mitologia Polinésia encontramos muito dessa mesma concepção, em que Rangi e o Papa representa o Céu e a Terra. Aspectos paralelos podem ser encontrados em histórias da Cosmogonia Egípcia, entre outras. Em praticamente todas elas, deparamos com o princípio “masculino e feminino”, ocupando lugar preponderante e, sobretudo, muito racional.

Os registros do Nihongi nos contam que, esses princípios formavam uma massa caótica como um ovo, no qual os limites e os embriões contidos estavam obscuramente definidos. Este “Ovo” criou vida rapidamente e sua parte mais clara e pura soltou-se vindo a formar o Céu, enquanto a parte mais densa e pesada assentou, formando a Terra, que era comparada a um peixe flutuando e brincando na superfície das águas.






Uma forma misteriosa, que lembrava o broto de um caniço, surgiu de repente entre o Céu e a Terra e inusitadamente se transformou, nascendo assim o primeiro Deus “Kuni-toko-tachi” (Eterno suporte terreno das coisas majestosas). Esse foi o primeiro Deus a nascer no mundo, vindo depois dele outras divindades.



Por Maria Rosa

Artigo criado em 2005, publicado originalmente em 2008 na primeira versão do site Mundo-Nipo – sem fins lucrativos. Ultima atualização em dezembro de 2012 pela própria autora.

Fontes de pesquisas principais:

Livro: Legends of Japan | Author: F. Hadland Davis
Livro: História da cultura japonesa | Autor: José Yamashiro
Livro: Japan – Dictionary Culture and Civilization | Autores: Frederic Louis David and Alvaro Iwang









sexta-feira, 16 de maio de 2014

Os três Tesouros Sagrados


Estes três objetos existem realmente e são intitulados como as “Insígnias do Império”, pertencentes à Família Imperial do Japão. E, de tempos em tempos, os sagrados objetos são exibidos em uma Cerimônia oficial no Palácio da Família Imperial.

As Joias Magatama, o Espelho Kagami e a Espada Kusanagi Tsurugi, são considerados como sendo “Os três Tesouros Sagrados” do Japão.

Simbologias das Insígnias do Império

• O Espelho Kagami: representa o Sol da Bandeira Nacional do Japão

• A Espada Kusanagi Tsurugi: representa a origem do Bushido (o caminho dos Samurais)

• As Joias Magatama: representam as riquezas do País





sexta-feira, 9 de maio de 2014

BISPOS DO JAPÃO PEDEM BEATIFICAÇÃO DE “SAMURAI DE CRISTO”





Foi apresentado à Congregação para a Causa dos Santos um relatório pedindo a beatificação de Takayama Ukon, um senhor feudal do século XVI que preferiu perder suas terras e posses a renunciar à sua fé. O documento de 400 páginas preparado pela Conferência dos Bispos Católicos do Japão apresenta à Igreja universal o desejo de ver Ukon – chamado no Oriente de o "samurai de Cristo" – elevado à honra dos altares pelo menos até 2015, quando se completam 400 anos de seu falecimento.
A expressão "samurai de Cristo" vem de sua antiga adesão, antes da conversão ao Cristianismo,à disciplina do bushido ("o caminho do guerreiro"), o código de conduta dos samurais.
Ele nasceu em 1552, no território que hoje corresponde a Osaka, filho de uma família daimiô – termo que faz referência a senhores feudais com direito de construir um exército e ter samurais a seu serviço. Seu pai abraçou a fé católica quando Ukon tinha doze anos. O menino foi batizado e passou a se chamar Justo. Muitas pessoas das redondezas se converteram seguindo o seu exemplo.



Quase no final do século, o Japão foi dominado por Toyotomi Hideyoshi, o segundo "grande unificador" do país, que começou a expulsar os missionários cristãos em 1587. Enquanto inúmeros senhores abandonaram o Cristianismo com a interdição, Justo e seu pai permaneceram fiéis, mesmo perdendo suas posses. Durante vários anos, viveram debaixo da proteção de daimiôs amigos, mas a proibição definitiva da fé em 1614 levou ele e um grupo de 300 cristãos ao exílio nas Filipinas. Justo foi acolhido com alegria neste país de forte tradição católica, mas, devido a uma enfermidade, faleceu, apenas 40 dias após pisar em solo filipino. O seu corpo foi velado com honras militares.
A abertura de sua causa de beatificação já tinha sido cogitada duas vezes. Uma tentativa, ainda no século XVII, pouco depois de sua morte, pelo clero das Filipinas, não obteve sucesso devido a então política japonesa de isolamento, que tornou impossível obter a documentação necessária sobre sua vida. Outra vez, em 1965, a petição de abertura fracassou por motivos formais. "A aplicação não foi aceita porque ninguém sabia como reuni-la nem como era a melhor forma de promover o caso", explicou o padre Hiroaki Kawamura, coordenador da Comissão Diocesana que enviou a documentação a Roma.
Desta vez, a apresentação foi bem preparada e a confiança no êxito da causa é grande. Ainda em outubro do último ano, o Arcebispo de Osaka e presidente da Conferência Episcopal Japonesa, monsenhor Leo Jun Ikenaga, recebeu uma palavra de Sua Santidade, o Papa Bento XVI: o Santo Padre manifestou nutrir uma "especial consideração" pela causa de Justo.
Este seria o primeiro japonês elevado aos altares de modo individual, posto que os já proclamados 42 santos e 393 beatos do país foram mártires e suas memórias se celebram em conjunto. O "samurai de Cristo", ao contrário, poderia se destacar individualmente como um exemplo de vida japonês completamente configurado aos valores do Evangelho.


"Takayama nunca foi desorientado pelos que o rodeavam. De maneira persistente, viveu uma vida na qual seguiu sua consciência", contou o padre Kawamura. "Conduziu sua vida de forma apropriada a um santo e continua sendo fonte de inspiração para muitas pessoas ainda hoje", concluiu.


Por Equipe Christo Nihil Praeponere | Informações: Gaudium Press

Fonte : http://noisnoceu.blogspot.com.br/2013/08/bispos-do-japao-pedem-beatificacao-de.html

sexta-feira, 2 de maio de 2014

O Instituto Cultural Niten



O Instituto Cultural Niten (Instituto Niten) foi fundado em 1993 pelo Sensei Jorge Kishikawa na cidade de São Paulo, Brasil.
Baseado num passado marcial que combinava sua educação japonesa, formação militar, formação como atleta do kendo, o Sensei Jorge Kishikawa criou o Instituto Cultural Niten como uma ferramenta para transmitir para atletas e interessados no Brasil aspectos da filosofia samurai e da cultura japonesa através do treinamento com a espada samurai(kenjutsu).


No Instituto, os alunos tem condições de se desenvolver no estudo das artes tradicionais japonesas que envolvam o uso da espada, sendo as modalidades principais o kenjutsu, o iaijutsu e o jojutsu. Além destas modalidades, outras também são praticadas como o kusarigamajutsu, jittejutsu, bojutsu, tanjojutsu.

Além das metodologias de ensino tradicionais japonesas, no Instituto Cultural Niten ainda desenvolve outras ações educativas como por exemplo o uso do método KIR. Este método desenvolvido pelo Sensei Jorge Kishikawa aborda de uma forma diferente os ensinamentos das artes marciais, no sentido de promover a potencialização das capacidades pessoais como seres humanos, preparando-os a se tornarem guerreiros e enfrentarem as adversidades do mundo moderno. O método KIR é passado aos alunos em várias formas dentro do Instituto, seja através de leitura de livros como Shin Hagakure - Pensamentos de um Samurai Moderno, livro de sua autoria do Sensei Jorge Kishikawa publicado em 2004, seja através dos chamados Momentos de Ouro ou ainda através da própria internet, o Café com Sensei.

O nome "Niten" deriva do estilo de kenjutsu fundado pelo samurai muito famoso, Miyamoto Musashi, o Niten Ichi Ryu. Os ensinamentos do Niten Ichi Ryu podem ser lidos na obra O Livro dos Cinco Anéis, de Miyamoto Musashi.
O Instituto Cultural Niten possui várias unidades no Brasil, Argentina e Chile. É fundador e filiado à Confederação Brasileira de Kobudo (CBKO) e parte de seus professores à Nihon Kobudo Kyokai (Federação Japonesa de Kobudo).



Estilos Praticados
O Instituto Niten é considerado um dos mais importantes centros de estudo do Kobudo fora do Japão1 . São praticados os seguintes estilos :

Hyoho Niten Ichi Ryu
Estilo fundado por Miyamoto Musashi. O Instituto Niten segue a linhagem principal do estilo, que se encontra sediada na cidade de Usa, prefeitura de Oita, no Japão sob a liderança do Shihan Gosho Motoharu e do 12° sucessor Yoshimoti Kiyoshi3 . O Sensei Jorge Kishikawa é discípulo do Shihan Gosho Motoharu. Possui Menkyo Kaiden, a mais alta graduação no estilo, tendo recebido diretamente do Shihan Gosho Motoharu.

Suio Ryu Iai Kenpo
O estilo está sediado no Japão sob a liderança do 15° Soke, Yoshimitsu Katsuse Kagehiro. O Sensei Jorge Kishikawa é discípulo do Soke Katsuse e representante oficial na América do Sul.

Shindo Muso Ryu
O principal estilo de Jojutsu e uma das escolas de Kobudo mais praticados no mundo. Foi fundado no século XVII pelo samurai Muso Gonnosuke. Um dos principal mestres do estilo hoje no Japão é o Sensei Kaminoda Tsunemori, Shihan da 26ª geração. O Sensei Jorge Kishikawa é discípulo de Kaminoda Sensei há muitos anos, sendo o representante oficial do estilo para a América do Sul.

Muso Shinden Ryu
Um dos mais praticados estilos de Iaijutsu no Japão. Kaminoda Tsunemori Sensei, principal autoridade no estilo de Jojutsu Shindo Muso Ryu, é também um grande mestre deste estilo. O Sensei Jorge Kishikawa treina o estilo sob sua orientação há muitos anos.

Sekiguchi Ryu
Estilo de Iaijutsu fundado no século há 400 anos por Sekiguchi Yarokuemon Ujinari. Aoki Kikuo sensei, o 8° Soke do Hyoho Niten Ichi Ryu, o estilo de Miyamoto Musashi, foi também Soke do Sekiguchi Ryu. O Shihan Gosho Motoharu é hoje a principal autoridade técnica nos dois estilos.


Confederação Brasileira de Kobudo
O Instituto Niten compõe a Confederação Brasileira de Kobudô (CBKob), presidida pelo mestre Kishikawa. A Confederação organiza anualmente dois torneios Brasileiros, o Individual no primeiro semestre e o Por Equipes no segundo semestre.

Atualmente o Niten é o único membro da Confederação. Ela congrega os estilos praticados dentro do Instituto Niten:

Hyoho Niten Ichi Ryu Kenjutsu
Suio Ryu Iaikenpo
Shindo Muso Ryu Jojutsu
Ikkaku Ryu Jittejutsu
Isshin Ryu Kusarigamajutsu
Uchida Ryu Tanjojutsu
Muso Shinden Ryu Iaijutsu
Sekiguchi Ryu Battojutsu
E também o estilo Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu, do qual mestre Kishikawa é Shidousha para a América do Sul.


Referências
Ir para cima ↑ (Português) (Japonês) Revista Kendo Nippon: Páginas 112,115, jan/2006 "O Espírito que enriquece os brasileiros"
Ir para cima ↑ Instituto Niten. Estilos Praticados (html) (em Português). Instituto Niten. Página visitada em 27/02/2008.
Ir para cima ↑ (Japonês) Revista Kendo Nippon: Páginas 62,65, set/2007
Ir para cima ↑ http://www2.wbs.ne.jp/~nck/suiou/suioudoujou.htm