sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A entidade do Dragão


No templo de Osaka, todo dia 23 de cada mês é dedicado à entidade Ame-no-Murakumo-Kuki-Samuhara Ryu-Ō Jin, o Rei Dragão, uma espécie de padroeiro do Budō que está sempre presente onde quer que o Aikido seja praticado com sinceridade. Em julho de 2013 o monge Sunawatari foi prestar suas homenagens à esta entidade e enquanto estava rezando pôde sentir sua presença. O Rei Dragão disse que o monge deveria ir para a América do Sul e que nesta viagem ele o acompanharia, pois neste local existia um antigo praticante que há 50 anos vinha se dedicando ao Aikido. Bem nessa época o monge Ohtake que iniciou a pratica de Kokyu-Hō com Ono Sensei, no período em que morou no Brasil, o procurou buscando aconselhamento sobre como presentear da melhor maneira possível o nosso Sensei em seu aniversario de 88 anos, uma ocasião muito importante para os japoneses. Sunawatari Hoshi soube então que o Deus Dragão fazia referência à Ono Sensei, que assim como os dois monges, faz parte da linhagem budista Agon-Shu. No dia 23 de setembro de 2013 em visita à Associação Pesquisa de Aikido, os monges Sunawatari e Ohtake executaram o ritual de purificação e presentearam Ono Sensei com a Espada Ama-no-Murakumo-no-Tsurugi (天叢雲剣, espada que colhe as nuvens do Céu), um dos três tesouros do xintoísmo. Normalmente dourada, esta espada que agora se encontra no altar da APA, foi forjada com um material especial prateado que simboliza a pureza. Durante a cerimonia de entrega da Espada Sagrada, o monge Sunawatari sentiu que a entidade que o acompanhava abençoava o nosso Dojo e reconhecia o esforço de Ono Sensei pela sua busca verdadeira.
Existe no Dojo de Ono Sensei algo de diferente e há muito tempo atrás nem mesmo o Sensei sabia precisar o que era exatamente. Foi o monge Ohtake, no período em que frequentou as aulas de respiração, que observou que no nosso espaço de treinamento havia uma entidade chamada Ame-no-Murakumo-Kuki-Samuhara Ryū-Ō, o Rei Dragão, a mesma entidade que tinha relação com Morihei Ueshiba, o criador do Aikido. Com a chegada da Espada vinda do templo de Osaka, a ligação da entidade com o Dojo se fortaleceu. A unificação com o Universo buscada pela pratica do Musubi Aiki Kokyu-Hō é ajudada pela presença desta entidade. A energia que os praticantes recebem através dos treinamentos aumentam a vitalidade, refletem nos treinos de Aikido e principalmente, mudam a vida das pessoas. Isso acontece porque a energia criativa muda a maneira como as pessoas desempenham seu oficio no dia a dia. Artistas passam a atuar em outro nível, gestores aumentam sua produtividade e lideranças melhoram sua capacidade de realização. Mas a quantidade de energia que cada praticante recebe foi bem explicada por Ono Sensei em uma metáfora:
– “Um prato grande comporta muita comida. Se o prato é pequeno, mesmo que você queira, não é possível colocar mais comida do que ele comporta.”




Ref. Textos e imagens do site /osprimeirosdiasdalei.wordpress.com

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

No interior do Dojo


Dojo - Local de treino das artes marciais 
Tatami - Tapetes de estilo japonês, usados para o treino de Judo, Aikido, etc.
Kamiza - Parede principal do Dojo, em princípio, a parede este. 
Tokonoma - Local de honra no Kamiza. Pode ser constituído por um pequeno altar, uma caligrafia relativa ao Do, e uma fotografia do Fundador .

Joseki - Parede sul do Dojo, local reservado a visitantes de honra 
Shimoza - Parede oposta ao Kamiza, onde se situam os alunos 
Shimoseki - Local do dojo oposto ao Joseki, onde se situam os assistentes
Cada praticante, ao entrar no Dojo, deve deixar as sandálias voltadas para fora, entrando e saindo sempre de frente com uma saudação em direcção ao Kamiza, ou ao professor, se este estiver presente, depois de lhe pedir autorização para entrar ou sair.

 No Dojo não se fala, treina-se. O próprio professor deve falar apenas o indispensável. 

No Dojo devemos estar sempre com o máximo respeito pelo local, pelo professor, pelos colegas e por nós próprios. 

No Dojo não devemos assumir posições que demonstrem falta de respeito, como braços cruzados, pernas cruzadas, encostado, deitado.

Não se deve praticar ou mesmo dobrar o Hakama de costas voltadas para o Kamiza, procurando sempre manter uma distância conveniente.

Só o professor pode voltar as costas ao Kamiza, quando está a dar a aula ou a fazer a saudação à classe.



sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O Bushido

Origens e influências


O Bushido foi influenciado pelo Budismo Zen, Shintoísmo e Confucionismo. A combinação dessas escolas filosóficas formou o código de ética dos samurai.
Do Budismo, o Bushido recebeu sua relação com o perigo e com a morte. O samurai não temia a morte por acreditar na outrina Budista sobre a vida após a morte, a reencarnação. O Samurai poderia viver outra vida na Terra.

Através do Zen, uma escola do Budismo, pode-se alcançar o "Absoluto". A meditação Zen permite alcançar um nível de paz e equilíbrio espiritual que não pode ser descrito através de palavras. O Zen ensina o auto-conhecimento e a não limitar a si próprio. Através dele, o samurai controlava seu medo, instabilidade e erros, que poderiam levá-lo à morte.
A doutrina japonesa Shinto deu ao Bushido sua lealdade e patriotismo. O Shintoísmo incluía a adoração aos ancestrais e fazia da família imperial o centro de toda nação, conferindo ao Imperador uma reverência divina. Ele era a personificação do Céu na Terra. Com a mesma lealdade, os samurais comprometiam-se com o Imperador e seus Daimyo, ou Senhores Feudais, o mais alto posto samurai.
O Shintoísmo também foi a espinha dorsal do patriotismo do samurai. Eles acreditavam que a terra não estava lá meramente para atender suas necessidades. "Ela era a residência sagrada para os deuses, os espíritos de seus antepassados". A terra era cuidada, protegida e criada através deste sentimento.
O Confucionismo deu ao Bushido sua crença nas relações do homem, tanto com o meio-ambiente e entre si mesmos. A ênfase dada pelo Bushido a estes princípios está em cinco relacionamentos morais: entre senhor e empregado, pai e filho, marido e mulher, irmão mais velho e mais novo, e entre amigo e amigo, era o que os samurai seguiam.

Entretanto, os samurais discordavam fortemente de muitos dos ensinamentos de Confúcio. Eles acreditavam que os homens não deveriam sentar e ler livros todos os dias, nem escrever poemas todos os dias, como uma máquina. Em vez disso o Bushido acreditava que o homem e o universo foram feitos para serem semelhantes tanto no espírito quanto na ética.
Junto com estas virtudes, o Bushido também compreendia justiça, benevolência, amor, sinceridade, honestidade, autocontrole e o máximo respeito. Justiça é um dos principais fatores do código dos samurais. Atos desonestos e injustiças eram considerados baixos e desumanos. Amor e benevolência eram virtudes supremas e atos nobres. Os samurais seguiam uma etiqueta específica tanto no seu dia-a-dia tanto quanto na guerra.

Sinceridade e honestidade eram tão valiosos quanto as suas vidas. "Bushi no ichi gon", ou "a palavra de um samurai" era um verdadeiro pacto de lealdade e confiança. Em tais pactos não existia necessidade de uma garantia por escrito, sob a garantia da própria dignidade.
O samurai também necessitava de autocontrole e estoicismo - rigidez moral, impassibilidade em face da dor ou infortúnio - para ser completamente honrado. Ele não apresentava sinais de dor ou alegria. Ele suportava tudo sem lamentos, sem lágrimas. Ele mantinha a tranquilidade de conduta e compostura de uma mente inabalável, a qual não deveria ser perturbada por paixões de qualquer tipo. Ele foi um verdadeiro e completo guerreiro.

Ainda que simples, o Bushido criou um modo de vida que alimentou uma nação através da maioria de seus tempos problemáticos, através de guerras civis, desespero e incertezas.