Moku (silenciar) So (pensamento)
Mokuso é um termo típico de Budôs, que significa harmonizar, silenciar, tranquilizar a mente, os pensamentos. Às vezes é confundido com um período de meditação, isso porque durante o Mokuso as pessoas ficam em silêncio, as respirações se acalmam e todos estão em postura meditativa, entretanto o Mokuso deve ser visto mais como um comando de transição do que uma chamada de meditação propriamente. Apesar de não ser visto como uma meditação em si, o Mokuso carrega uma carga Zen muito forte, assim muitos falam do Mokuso como a própria prática Zen-budista do “ser e não ser”, do “estar sem estar”. Talvez por isso, a grande parte dos artistas marciais o trate como uma prática meditativa e, alguns, até de forma religiosa.
Contudo, não há nada místico ou uma busca pela “iluminação” no Mokuso, há um comando para que momentaneamente limpemos nossas mentes dos nossos assuntos diários, para que nos concentremos na prática marcial e para que guardemos o que foi aprendido de satisfatório no treino e possamos voltar aos nossos demais afazeres. Por isso o Mokuso é uma transição entre atividades, sejam elas quais forem, nos preparando para mais um momento a ser vivenciado.
No Mokuso está incluso o preceito oriental de que “cada momento é único”, este mesmo preceito é encontrado em artes como o Kyudo (Caminho do Arco: “uma flecha, uma vida”), Ikebana e o Chado (Caminho do Chá: “ichi-go, ichi-e”; “cada encontro, uma chance”). Ou seja, o Mokuso lembra ao praticante que aquele momento será único: com uma lição, com certos colegas. Mesmo que no dia seguinte o aluno retorne ao treino, no mesmo horário, com o mesmo professor, será outro momento, com outra lição, o próprio aluno estará diferente, seus colegas (por mais que sejam os mesmos) também serão diferentes e, graças a isso, deve-se aproveitar ao máximo e se concentrar na sua prática, pois passado aquele momento, ele jamais se repetirá.
Algumas pessoas dizem que no Mokuso deve-se “acalmar o espírito”, limpar a mente de todos os pensamentos mundanos. Isso dá uma visão equivocada ao praticante que passa a acreditar que todos seus afazeres cotidianos devem ser separados do Dojo e da prática marcial. Pelo contrário, é apenas um momento de concentração para uma atividade, para poder vivenciá-la da melhor forma possível e, depois, levar consigo como as demais ações do dia a dia.
Dizer “esvaziar” ou “silenciar” a mente parece fácil, mas a verdade é que quanto mais se tenta deixar a mente vazia, mais os pensamentos, preocupações, dúvidas se remontam. Deixe os pensamentos fluírem livremente e eles cessarão quando menos perceber, pode-se nunca atingir a “não-mente”, mas efetivamente concentrar-se para uma atividade é essencial e justamente para as práticas marciais – em que se aprende vivenciando – é fundamental.
O Mokuso é algo que deve ser levado para fora do Dojo, em vários aspectos da vida e nas atividades de rotina, sempre aproveitando ao máximo o momento, as pessoas e sendo capaz de viver com consciência. O momento nunca deve ser desperdiçado.
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