quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Goryokaku


 O porto de Hakodate na ilha mais setentrional de Hokkaido foi aberto para navios estrangeiros em 1854 como parte do Tratado de Kanagawa, uma Convenção de Paz e Amity entre os Estados Unidos da América e o Império do Japão.

Para defender Hakodate, o xogun começou a construção da fortaleza em forma de estrela, a Goryokaku, levando sete anos para ser concluída. O layout foi projetado pelo estudioso de estudos ocidentais, Hisaburo Takeda e baseado nos planos de um engenheiro militar francês, Vuaban. Os cinco pontos estelares foram projetados para permitir um maior número de postos de artilharia, eliminando quaisquer pontos cegos. Para evitar se tornar um alvo para o navio inimigo canon fogo, a fortaleza estava desprovida de quaisquer torres ou torres altas que ajudariam a atingir o alvo.


A fortaleza estava cercada por um fosso cheio de água, e baixo trabalho de pedra coberto por grossos aterros de barro para resistir ao bombardeamento. À primeira vista, o contorno do Goryokaku tem seis bastiões, ou pontos estelares, no entanto, um é uma seção triangular de muralha defensiva atuando como umadashi, uma muralha defensiva para proteger os portões principais. No final do período feudal, os lealistas Tokugawa ocuparam o Goryokaku no final de outubro de 1868, defendendo-o contra as forças imperiais. As forças pró-shogunato procuraram estabelecer a independência como a "República de Ezo" (o antigo nome de Hokkaido), mas esta república teve vida curta. Uma grande frota de navios de guerra navegou em Hakodate, e 7 000 tropas imperiais sitiaram a fortaleza, levando à Batalha de Goryokaku.



Os rebeldes foram forçados a se render em maio do ano seguinte. As principais estruturas dentro do Goryokaku foram posteriormente demolidas, mas o Gabinete do Magistrado de Hakodate foi reconstruído em 2009.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

O caminho do Arco





O arco e flecha é um instrumento tipicamente primitivo no mundo e isso não se faz diferente no Japão. 

        Os primeiros registros de atividades com arco e flecha no Japão foram denominados Kyujutsu (Kyu: arco, Jutsu: técnica – tradução livre: “técnicas do arco”) datando do século VII. O Kyujutsu aborda o arco e flecha no aspecto técnico, voltado para o combate, para a guerra, uso ostensivo como arma e é a partir dele que deriva o Kyudo.

        A origem do arco e flecha no Japão é ligado também a várias lendas, mitos e contos de fantásticos guerreiros/arqueiros e suas proezas, um exemplo disso é Minamoto no Tametomo que afundou um navio com uma única flecha e Nasu no Yoichi que, num desafio, acertou um leque colocado no alto do mastro de um navio, ancorado a cerca de setenta metros da costa, atirando montado a cavalo, à frente de ambos os exércitos que se enfrentavam na praia.

        Com o passar do tempo e a gradual redução da cultura de guerra japonesa, bem como com as influências confuncionistas, budistas e shintoístas da população o Kyujutsu foi perdendo seu signifcado estritamente técnico e foi incorporando lentamente o espírito filosófico da Arte Marcial. Dessa forma, apesar da arte do arco e flecha ser antiga no Japão, é apenas no século XX que o termo Kyudo se difunde e se torna amplamente praticada e respeitada pela população japonesa. Sendo ainda que, somente em 1953, surge a Associação Japonesa de Kyudo (ANKF) para regular a prática do Kyudo no mundo.  

        O Kyudo (Kyu: arco, Do: caminho – tradução livre: “o caminho do arco”) é o termo japonês que define a prática marcial, tradicional e filosófica do arco e flecha como meio para aperfeiçoamento pessoal inserido em aspectos Zen-Budista. Portanto, é possível traçar comparações do Kyudo com o Chado (Cerimônia do Chá), Kado (Ikebana ou Caminho das Flores), Shodo (Caminho da Caligrafia) e outras artes praticadas pelos japoneses.

        A essência do Kyudo não se encontra em acertar o alvo ou disparar uma flecha o mais longe possível, mas sim, se trata de um exercício para harmonizar mente, corpo e espírito.

        Além desses três pontos, o Kyudo se fundamenta em três objetivos: Shin (verdade), Zen (bem) e Bi (beleza). Ou seja:

Shin: a verdade como conhecimento da vida real, que o praticante obtém pelo treino de arco e flecha.

Zen: o bem estimulado pela moralidade que surge da prática e do desempenho de um arqueiro, mostrando sua maturidade emocional e sinceridade espiritual.

Bi: a beleza com o natural e espontâneo, quando o arqueiro se torna verdadeiro e moralmente honesto, a estética simplesmente surge. É a expressão equilibrada da harmonia dos movimentos, sentimentos e espiritualidade. 



Leia mais: https://kyudokai-df.webnode.com.br/

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Aikijujutsu origem parte 2

 Daito Ryu Aikijujutsu – Fundado por Sokaku Takeda, descendente de Seiwa.



A origem do Aikijujutsu se encontra quando o neto mais jovem do Imperador Seiwa, Shinra Saburo Yoshimitsu, foi para Oshu, no nordeste do Japão. Ele estudou anatomia humana através de dissecação. Ele ficou em um lugar conhecido como Daito, e se denominava Saburo de Daito. Esta é a raiz do nome. Então o Daito-ryu atravessou as gerações da família Takeda, pois também eram descendentes do Imperador Seiwa.

O clã de Aizu era originalmente responsável pela guarda de Kyoto. Um grupo de samurais chamados de Shinsengumi estava em atividade antes da Restauração Meiji. O emblema dos Shinsengumi era o mesmo do clã de Aizu, e eram descendentes em linha direta de membros do clã de Aizu. Devido ao relacionamento dos Shisengumi com o clã de Aizu, quando os clãs Satsuma e Tosa conseguiram o poder, eles a tacaram e derrotaram o chefe do clã de Aizu na Guerra Civil de Boshin.

Depois do clã estar derrotado, não conseguiu mais se recuperar. Durante esta guerra, os Aizu ainda usavam balas de canhão aquecidas enquanto o exército Imperial usava canhões importados. O clã de Aizu, que deveria estar guardando o Imperador, tinha se tornado inimigo do Imperador. Sendo que os Aizu não eram páreo para as forças do Império. Em certo ponto, o chefe do clã de Aizu foi preso e quase morto. O castelo de Aizu foi incendiado e completamente destruído. Poucos são os estudiosos que têm os registros da genealogia do clã Aizu.

O estilo de espada incorporado no Daito-ryu é o Ono-ha Itto-ryu. Esta arte é a fonte do uso de espada de Sokaku Takeda. Sokaku aprendeu sobre quase tudo e havia muito pouco que ele desconhecia. Os espadachins de antigamente não eram apenas especialistas com as espadas.


Treinar durante o final do período Tokugawa [1603-1868] e no período Meiji [1868-1912] requeria "dez mil homens". Em outras palavras, se treinava dez mil vezes com seus homens e depois se passaria três anos viajando por vários dojos para aperfeiçoar-se. Reunia seus homens e participava das lutas de espadas. Cada escola tinha suas próprias formas individuais, mas não importando qual estilo, todos usavam seus homens.


O moderno kendo derivou muito do Ono-ha Itto-ryu, devido à popularidade que ele compartilhava com o Hokushin Itto-ryu. Sasaburo Takano, do primeiro estilo, e Takaharu Naito e Shusaku Chiba do segundo, são muito conhecidos. Até por volta de 1910 não havia uma classificação especial das formas, então a Escola de Treinamento Avançado de Professores (Tokio Koto Shihan Gakko) e o Butokukai criaram kata (formas) para facilitar as aulas. Os kata do kendo que agora são praticados foram estabelecidos naquela época. No Daitokan nós não praticamos mais usando homens, porque praticamos apenas com kata.


Quando se usa espadas, fala-se sobre o ato de receber. Recebe-se o ataque assim que o oponente puxa a espada. Precisa-se ter tal velocidade. Segundo Tokimune Takeda, a espada do aiki não funciona a menos que seus braços e pernas funcionem bem juntos. Logo, como Sokaku praticou kenjutsu, ele era capaz de girar facilmente os pulsos. Para cortar seu oponente, precisa-se colocar a lâmina da espada em uma posição específica. Deve-se receber a espada do oponente com a parte de trás da sua espada, e então girar a sua espada para corta-lo. Não é assim que se atinge um oponente com um bokken. Como uma espada de verdade tem uma lâmina afiada, deve-se receber a espada do oponente com a parte de trás da sua espada.


Não se deve usar a lâmina para receber a espada do oponente, porque fazendo isso com uma espada verdadeira, a lâmina se lascar. Mas ao receber a espada do oponente com a parte de trás da sua espada e depois o cortar com a sua lâmina, a lâmina nunca será danificada. Assim, deve-se ser capaz de girar com facilidade seus pulsos para fazer as técnicas de espada, e esse movimento dos pulsos é a essência das técnicas do Daito-ryu


As técnicas de Aikijujutsu são baseadas na espada. Ao aprender o Daito-ryu, é absolutamente essencial estudar a espada. A primeira técnica de espada curta do Ono-ha Itto-ryu é a mesma primeira técnica do Daito-ryu, em que se prende seu oponente, avança e o corta. Esta técnica só foi usada durante o Sengoku Jidai [época dos Estados em Guerra, 1467-1568], mas Sokaku a ensinou como uma técnica importante.

Com base nestas considerações, podemos ter uma idéia da origem do princípio do tegatana, a espada da mão, que poderia ser considerado o ponto comum entre o kenjutsu e o aikijujutsu, sendo também seu elo cronológico de desenvolvimento de uma, para a outra, como uma ramificação marcial.

Crê-se que Aikijujutsu era ensinado como auto defesa, durante o período Tokugawa.

Dentre as técnicas de Daito-ryu existe um tipo particular de técnica de aiki chamada hanza handachi. As técnicas que eram estudadas para uso nos palácios eram chamadas de oshikiuchi. No passado, quando as pessoas passavam pela obanbeya do castelo de Edo, suas espadas eram retiradas. Todas as pessoas - exceto alguns nobres de certo nível, que tinham permissão de portar as espadas curtas – tinham que entregar todas as armas que carregavam. Eles tinham que “andar sobre os joelhos” perante a família do Shogun. As técnicas de hanza handachi do Daito-ryu eram usadas naquele período em resposta a alguma situação que pudesse surgir. Esta técnica hoje pode ser interpretada como o shikko.

As técnicas Hanza handachi são também baseadas neste andar sobre os joelhos e são usadas em ataques súbitos quando a pessoa se encontra sentada. As técnicas começaram a partir de uma posição sentada e terminadas com a posição de pé que existem no Daito-ryu.

Usa-se o termo goho, cinco direções, assim a técnica se chama gohonage. No gohonage, arremessa-se o inimigo em cinco direções - frente, atrás, direita e esquerda e centro – isso é, onde se originalmente estava. Também há arremessos em cinco direções associados com ikkajo, nikajo, e sankajo.

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Aikijujutsu


O Aikijujutsu é uma das mais antigas e refinadas artes de combate originadas no Japão.

Daitō-ryū aiki-jūjutsu (大東流合気柔術).

História
Praticada antigamente pelos nobres japoneses, por sua riqueza de conhecimento e dificuldade, crê-se ter sido uma das primeiras formas de defesa pessoal do Japão feudal. A complexidade de seus sistemas a consagrou como uma arte de elite militar. Sua dificuldade se encontra exatamente na harmonia interior do praticante, não se deixando levar por qualquer emoção que afetasse a sua técnica.Perde-se na história a época ou período do surgimento da arte, já que muitas são as supostas origens da arte No entanto, supõe-se que a arte tenha origens no neto mais jovem do Imperador Seiwa, Shinra Saburo Yoshimitsu, quando este foi para Oshu, no nordeste do Japão, estudar anatomia humana através de dissecação.

Porém, inegavelmente, sua origem vem da arte da espada, o Kenjutsu. Mas é interessante salientar que samurais eram obrigados a portar espadas e deviam, obrigatoriamente, usá-las para defender sua honra. Logo, Um samurai que lutasse sem ela corria o risco de ser ordenado a cometer seppuku (auto-evisceramento) ou poderia mesmo ser condenada a crucificação (tido como humilhante), como cita o Hagakure (livro do século XIV).

Entretanto, com a proibição do porte das mesmas nos castelos e casas de nobres, a arte começava a surgir. Então, baseando-se em estudos de anatomia humana, conhecimento e controle da energia sutil e técnicas de espada, teríamos uma receita inicial para a criação do Aikijujutsu.

O Sukima (vazio) representa um fundamento básico do Aikijujutsu, e simboliza fazer com que um adversário (inicialmente portando a espada Katana) não consiga atingir seu objetivo, apenas usando os conceitos dos quatro elementos, água, fogo, ar e terra. A partir deste princípio surgiu o primeiro movimento que hoje constituí o Aikijujutsu.

Uma arte baseada na harmonia e na utilização da energia interior, conhecida como Ki. O Ki é o princípio que rege o universo do Aikijujutsu, focalizando os estudos em sua condução e direcionamento, através do estudo e controle da utilização de chaves, torções e imobilizações, de modo a invalidar o inimigo buscando a harmonia do corpo.

O significado de nome da arte
O nome da arte pode ser traduzido para o português da seguinte forma:Ai: Harmonia
Ki: Energia, força vital.
Ju: Flexibilidade
Jutsu: Arte


Estilos
Daito Ryu Aiki JuJutsu, mais conhecido estilo da arte, fundado por Sokaku Takeda, veio da linhagem dos Minamoto, que organizaram as técnicas Aiki e o fundaram, aproximadamente no século XV.OSOI é a forma lenta e suave. Essa forma era praticada por aqueles que não possuíam tanto vigor físico ou possuíam idade avançada. Na busca do vazio e do desequilíbrio, essencial nessa forma, busca-se encontrar no íntimo do seu inimigo um local escondido para se alojar. As técnicas iniciais eram adaptadas a um raciocínio circular que tinha por objetivo a utilização da força do inimigo contra ele mesmo. Para muitos mestres tal estilo é considerado o último estágio da sapiência militar. Da mesma forma, o Gendai Budo traduziu essa teoria como “ceder para vencer”.

HIDOI, contrariamente, caracterizado pela extrema violência e agressividade de seus movimentos, é conhecida como a terrível arte do clã Aizu. A definição do Hidoi retrata o pensamento do BUJUTSU na sua essência e realidade.



KORYU, que tem como significado “fluxo velho”, representa as formas clássicas e imutáveis do Aikijujutsu estabelecidas em seqüências de kata.

RENKAKU, que significa “encadeado por um ângulo”, era a forma que mais se assemelhava ao jujutsu, diferenciando-se na circularidade de seus movimentos e utilização da força de seu adversário contra ele mesmo.


Artes Descendentes e Influenciadas
Observando as similaridades técnicas naquilo que observamos ao longo do conteúdo aqui apresentado e acompanhando a história marcial, podemos destacar a influência do Aikijujutsu na história pessoal de grandes mestres do Koryu e do Gendai Budo.
Podemos citar dentre estes nomes inegavelmente o Fundador do Aikido, Morihei Ueshiba, Aluno de Sokaku Takeda, tal qual Choy Youg Sool, Fundador do Hapkido (que pode ser considerado, em função das formas, uma combinação entre o Aikijujutsu e Taekkyon).

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

A filosofia , ideias que orientam o estudo de Yagyu Shinkage Ryu.

 "O conceito de ataque e defesa consiste em adaptar a ação ao inimigo,
da mesma forma que um marinheiro levanta a vela quando o vento aumenta
ou um caçador solta o falcão ao avistar um coelho.'"

Kamiizumi Ise-no-kami Fujiwara-no-Nobutsuna
(1508-?)

Fundador do Shinkage Ryu



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 Poema 53:

O máximo em esgrima está nas Cinco Virtudes*. Sempre tenha isso em mente.

* 五常(Gojyo): As Cinco Virtudes Confucionistas

仁 (Jin: benevolência, humanidade): respeito/amor para com os outros

義 (Gi: moralidade, retidão, justiça): faça a coisa certa

礼 (Rei: cortesia, boas maneiras): mostre sua riqueza interior

智 (Chi: conhecimento, inteligência, sabedoria): tome a decisão certa

信 (Shin: confiança, sinceridade, integridade): tenha a confiança dos outros


Yagyu Sekishūsai Taira-no-Munetoshi
(1529-1606)

Mestre da Espada, Yagyu Shinkage Ryu

Heiho Hyakushu (100 Poemas sobre a Arte da Guerra)


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“As armas são instrumentos infelizes.
O Caminho do Céu os odeia.
Usá-los quando não há outra escolha – esse é o Caminho do Céu.”
*

O que a declaração diz é que o arco e as flechas, a espada e a alabarda (naginata) são armas e são instrumentos ameaçadores e infelizes. Embora o Caminho do Céu seja o caminho para manter as coisas vivas, estes escolhem matar e, desta forma, são de fato instrumentos infelizes. Em outras palavras, o Caminho do Céu os odeia porque eles vão contra ele.

Mas a declaração diz que matar um homem usando uma arma quando não há outra escolha também é o Caminho do Céu.

Às vezes, por causa da maldade de um homem, milhares de pessoas sofrem. Então você mata aquele homem para deixar milhares viverem. Aqui, verdadeiramente, a lâmina que causa a morte pode ser a espada que dá vida.


Yagyu Tajima no Kami Munenori
(1571-1646)

Mestre da Espada, Yagyu Shinkage Ryu

Heiho Kaden Sho 
(Livro transmitido pela família sobre a arte da guerra)


* Esta é uma citação direta do Capítulo 31 do Tao Te Ching de Lao Tzu. A citação diz:

As melhores armas podem ser instrumentos de infortúnio

e, portanto, contrárias à Lei Natural.

Aqueles que possuem o Tao se afastam deles.


Armas são instrumentos de infortúnio

usados ​​pelos não evoluídos.

Quando seu uso é inevitável,

o superior age com calma e moderação.


Mesmo quando vitorioso, que não haja alegria,

pois tal alegria leva ao contentamento com a matança.

Aqueles que se contentam com o massacre

não conseguem encontrar realização no mundo.

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É uma doença ficar obcecado pela ideia de vencer. Também é uma doença ficar obcecado pela ideia de usar a esgrima. Portanto, é ficar obcecado pela ideia de usar tudo o que aprendeu e ficar obcecado pela ideia de atacar. Também é uma doença ficar obcecado e preso à ideia de se livrar de qualquer uma dessas doenças. Uma doença aqui é uma mente obcecada que se concentra em uma coisa. Como todas essas doenças estão em sua mente, você deve se livrar delas para colocar sua mente em ordem.


Yagyu Tajima no Kami Munenori
(1571-1646)

Mestre da Espada,
Yagyu Shinkage Ryu

Heiho Kaden Sho (Livro transmitido pela família sobre a arte da guerra)


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A mente se assemelha à lua na água;

A forma é como a sombra no espelho.


Este versículo é adotado para a esgrima porque a água retém o reflexo da lua e o espelho o do seu corpo. A mente humana se move para um objeto assim como a lua faz para a água.


Este versículo também é usado para exortá-lo a comparar o espelho com o assento da espada e a deixar o corpo, como uma sombra, mover-se para o assento da espada. Isso significa que você não deve permitir que seus braços e pernas sejam desconectados do assento da espada. A maneira como a lua move sua luz para a água é realmente rápida. Embora a lua esteja no alto do céu, assim que as nuvens se afastam, sua luz atinge a água. Não é como se a sua luz descesse do alto do céu, lentamente, passo a passo, para lançar o seu reflexo. Antes que você possa piscar uma vez, o reflexo está lá. Em outras palavras, a mente humana move-se para um objeto tão rapidamente quanto a lua o faz para a água.


É dito num sutra budista: A mente é tão rápida quanto a lua na água, como a imagem no espelho”. Significa que a lua, do céu distante, sem lapso de um segundo, reflete-se tal como é. O mesmo acontece com a imagem refletida no espelho. Qualquer objeto que esteja voltado para ele já está lá.


A maneira como a mente se move dessa maneira foi explicada, dizem, pelo Senhor Buda, que a comparou à lua na água e a uma imagem no espelho.


Yagyu Tajima no Kami Munenori
(1571-1646)

Mestre da Espada,
Yagyu Shinkage Ryu

Heiho Kaden Sho
(Livro transmitido pela família sobre a arte da guerra)


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Depois de segurar uma espada,
você quer atacar, quer vencer e quer lutar.
Esses três impulsos são todos falhas mentais,
das quais nascem as doenças…


Yagyu Jubei Mitsuyoshi
(1607-1650)

Mestre da Espada,Yagyu Shinkage Ryu

Tsuki no Sho (Notas sobre a Lua)


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A espada da escola Shinkage
não é uma lâmina yang*,
mas sim uma lâmina yin (kage).
Não emprega nenhuma postura (kamae),
sendo sua postura a ausência de postura (vazio).

A posição da escola Shinkage é fazer as coisas
em resposta aos movimentos do oponente.
É uma escola que pretende não cortar,
não tomar, não ganhar, não perder.


*yang: agressivo, duro, sólido, ardente


Yagyu Jubei Mitsuyoshi
(1607-1650)

Mestre da Espada, Yagyu Shinkage Ryu

Tsuki no Sho (Notas sobre a Lua)


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O Professor Nacional Bukkoku de Kamakura tem este poema:


Embora ele não tenha a intenção de ficar de guarda,
aquele espantalho não é inútil nos arrozais da montanha.


Isto se aplica a tudo.

Um espantalho em um arrozal na montanha é um boneco equipada com um arco e uma flecha. Pássaros e feras veem isso e fogem. O boneco não tem mente alguma, mas como o cervo fica assustado e foge e seu propósito é alcançado, ele não é totalmente inútil. O que faz é comparável ao feito de alguém que atingiu o estágio final em qualquer campo de empreendimento. Numa pessoa assim, apenas os braços, as pernas e o corpo funcionam, e como a mente não se detém em nenhum lugar nem por um segundo, você não consegue dizer onde ela está. Sem pensamento, sem mente*, ele atinge assim a categoria de espantalho.

* Munen-muso


Takuan Sōhō
(1573-1645)

Mestre Zen (Roshi), 
Abade da Seita Rinzai, Templo Tokaiji (Edo)

Fudochi Shinmyo Roku (O Registro Misterioso da Sabedoria Imóvel),
escrito para Yagyu Munenori


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Falando em termos de sua própria arte marcial, 
quando você notar pela primeira vez a espada que está se movendo para atacá-lo,
se você pensar em encontrar essa espada exatamente como ela é,
sua mente irá parar na espada exatamente naquela posição,
seus próprios movimentos será desfeito e você será derrubado pelo seu oponente…

Jogue a cabaça na água, empurre-a para baixo e ela girará.
Quando uma cabaça é jogada na água e pressionada,
ela salta repentinamente para o lado.
Não importa o que aconteça,
é algo que não para no mesmo lugar.
A mente de um homem que alcançou o Caminho não para em nada,
nem por um instante.
É como empurrar a cabaça na água.


Takuan Sōhō
(1573-1645)

Mestre Zen (Roshi), 
Abade da Seita Rinzai, Templo Tokaiji (Edo)

Fudochi Shinmyo Roku (O Registro Misterioso da Sabedoria Imóvel), escrito para Yagyu Munenori



sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Kamiizumi Nobutsuna

 


Kamiizumi-Ise-no-Kami (上泉伊勢守藤原信綱 nascido por volta de 1508, data de morte desconhecida) é uma figura importante no desenvolvimento do kenjutsu
Ele criou um novo estilo, com uma filosofia única. Era marcadamente diferente de todos os outros estilos de kenjutsu da época, que ensinavam técnicas focadas em matar o oponente. 

“As técnicas do Shinkage Ryu são imbatíveis”, disse ele. 
“Isso decorre não de tirar vidas desnecessárias,
mas da verdadeira coragem necessária para evitar conflitos desnecessários.”

 
Embora tenha criado seu estilo em meio ao Período dos Reinos Combatentes (período da guerra civil no Japão), época de lutas incessantes, ele já pregava uma filosofia de paz.



                        Kamiizumi Nobutsuna, fundador do Shinkage Ryu: um mestre espadachim revolucionário


Para divulgar seu novo estilo, ele viajou por todo o Japão e ensinou muitos discípulos. 
Em Kyoto, ele ensinou muitos cortesãos e nobres do Xogunato Ashikaga. Está registrado que ele teve mais de cem discípulos em todo o Japão. 

Seus discípulos mais famosos criaram seus próprios estilos. Kamiizumi é o progenitor de muitas escolas de esgrima, incluindo Jikishinkage-ryū, Kashima Shin-ryū, Hikita Shinkage-ryū, Taisha-ryū, Shin Shinkage Ichiden-ryū e Komagawa Kaishin-ryū.


Kamiizumi Nobutsuna: um homem com uma missão.

Kamiizumi também foi um inovador. Além de criar um novo estilo, ele criou ferramentas de treinamento exclusivas. Ele criou a fukuro-shinai, uma espada de bambu envolta em uma bainha de couro. Isso permitiu aos praticantes atacar e praticar técnicas e táticas com total força e intensidade, em vez de ter que sempre puxar os golpes ao usar um bokken (espada de madeira). 

O fukuro shinai: uma ferramenta de treinamento revolucionária

É o ancestral do moderno kendo shinai (espada de prática de bambu). Kamiizumi-Ise-no-Kami era realmente um gênio da espada.

Kamiizumi teve muitas aventuras em suas viagens pelo Japão. Uma aventura em particular aconteceu na província de Owari e é tão famosa que o diretor Akira Kurosawa a usou como cena de abertura de seu famoso filme, Os Sete Samurais. Para ler mais sobre este incidente, veja O Padre do Templo Myoko . Através deste incidente, já podemos ver a gênese do conceito de “a Espada que Dá Vida”.




Kamiizumi ficou na vila de Yagyu por um ano e ensinou Munetoshi. Quando partiu para Kyoto, deu a Munetoshi um dever de casa: pesquisar o conceito de “ muto-dori ” (“sem espada”): enfrentar um oponente armado quando você mesmo está desarmado. Munetoshi estudou muito e demonstrou a Kamiizumi sua compreensão quando retornou, cerca de um ano depois. Kamiizumi ficou impressionado e deu-lhe um inka-jō (um certificado de maior realização) e permissão para ensinar Shinkage Ryu. Isto marca o início da linhagem da família Yagyu de Shinkage Ryu; na verdade, a fundação do Yagyu Shinkage Ryu .    

O pergaminho real do conjunto de kata Kuka-no-Tachi, consagrado no Museu Yagyu na vila de Yagyu

Notícias sobre as habilidades de Munetoshi se espalharam. Em 1594, ele foi convidado a fazer uma manifestação para um dos generais de Toyotomi Hideyoshi, um homem chamado Tokugawa Ieyasu . Ieyasu ficou tão impressionado que pediu a Munetoshi para ser seu instrutor de esgrima. Munetoshi recusou devido à sua idade mas recomendou seu quinto filho, Yagyu Munenori . Ieyasu concordou e Munenori foi com ele.                   

Shogun Tokugawa Ieyasu: O Unificador do Japão e Primeiro Patrono de Yagyu Shinkage Ryu

 Seis anos depois, em 1600, Tokugawa Ieyasu derrotou todos os seus rivais na Batalha de Sekigahara e tornou-se o governante indiscutível do Japão. Ieyasu tornou-se Shogun e Munenori tornou-se famoso como o instrutor oficial de esgrima da família do Shogun. À medida que a estrela de Ieyasu subia, também crescia a de Munenori. Com o tempo, Munenori serviria ao Xogunato Tokugawa como Inspetor Geral ( ōmetsuke ) e conselheiro político, um cargo muito semelhante ao de Diretor de um Serviço de Inteligência (por exemplo, CIA, FBI).

Yagyu Munenori: o mestre espadachim que tornou Yagyu Shinkage Ryu famoso


Edo (atual Tóquio) tornou-se a nova capital do Japão. Em seu trabalho no governo e em suas negociações na capital como um alto funcionário do governo, Munenori também acabaria por conhecer e se tornar amigo íntimo do famoso mestre Zen, Takuan Soho (1573-1645), que lhe ensinou muito sobre o Zen. Budismo.


Takuan Soho: o Mestre Zen que mudaria para sempre a natureza da esgrima japonesa


Em 1632, Munenori compôs um livro chamado Heiho Kadensho *, no qual fundiu muitas ideias do Zen Budismo com as da esgrima. Este livro, que não apenas discutiu questões práticas na luta com espadas, mas também analisou seus aspectos espirituais e filosóficos, tornou-se uma das Bíblias da esgrima japonesa. Takuan também deu de presente a Munenori um tratado que ele escreveu sobre o Zen e como ele se aplica à esgrima, intitulado “Fudōchi Shinmyōroku” (“O Registro Misterioso da Sabedoria Imóvel”). Este tratado, publicado em inglês como The Unfettered Mind , continua sendo um texto clássico sobre como o Zen pode ser aplicado às artes marciais e, em particular, à esgrima.




Sendo o estilo de espada oficialmente reconhecido do Shogun e sua família, Yagyu Shinkage Ryu se tornaria o estilo de esgrima japonês mais famoso da história. Ainda hoje, é regularmente apresentado em dramas e filmes de samurais. As façanhas de seus mestres, tanto factuais quanto fictícias, tornaram-se matéria de lendas. Mais notavelmente, o misterioso Yagyu Jubei Mitsuyoshi (filho de Munenori) aparece frequentemente em dramas de samurais. Jubei foi “dispensado” do tribunal por 12 anos por insultar o xogum Tokugawa Iemitsu, seu amigo de infância. Não há registros do que ele fez nesses 12 anos; na verdade, ele “desapareceu” por 12 anos. Embora a história oficial seja que ele foi enviado para o exílio, outros supõem que ele foi de fato enviado em missões secretas para o Shogun; daí a persistência do mito de que Jubei era na verdade o espião do Shogun.


      Uma cena de Yagyu Bugeicho: espadachins do clã Yagyu são reunidos para uma missão secreta



sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Maniwa Nen-ryû

 Após a morte de Sôma Shirô Yoshimoto, mais conhecido pelo seu nome budista de Nen Ami Jion, a  escola Nen ryû  evoluiu através de diferentes ramos. Esses ramos são fundados por seus discípulos que continuam sua difusão. Mas foi só em 1590 que um gênio chamado Higuchi Sadatsugu realmente se destacou na multidão e criou o Maniwa Nen-ryû.



Um dos discípulos mais influentes entre os 14 deshis de Nen Ami Jion foi Higuchi Kaneshige.
Assim como os outros, ele criou seu próprio ramo, Kaneshige Nen-ryû. Seu neto, Higuchi Takashige, emigrou para a região de Kôzue. Esta região está localizada no norte do Japão, nas montanhas com um clima rigoroso. Takashige entra ao serviço de um senhor local no Castelo de Hirai. Abandonou a escola herdada por seu avô para estudar Shintô-ryû, outra escola de kenjutsu já muito difundida na época.
É esta forma de kenjutsu que será transmitida dentro da família.


A conquista da região de Kôzue pelo clã Takeda pôs fim ao Castelo de Hirai. Não tendo mais um senhor para servir, Takashige e sua família mudaram-se para a aldeia de Maniwa para se tornarem camponeses bushi (goshi). Quatro gerações depois, o bisneto de Takashige, Higuchi Sadatsugu, permaneceu fascinado pelas histórias familiares sobre Nen-ryû e seu ancestral Kaneshige. Um dia, um parente distante chamado Konishi Kyobei ​​veio procurá-lo e desafiá-lo para um duelo amigável. Kyobei ​​​​não era muito forte e, além disso, sofria de um problema de visão. No entanto, Sadatsugu não conseguiu derrotá-lo. Intrigado com esse desempenho, ele perguntou a Kyobei ​​​​como ele conseguiu desviar seus ataques e manter um bom controle da situação. Ele respondeu que havia sido tratado por um médico e monge viajante chamado Tomomatsu Seizo Fujiwara Ujimune. Este médico também ensinou kenjutsu e aprendeu suas técnicas.

(Hori Toshio sensei on naginata, um dos alunos mais talentosos da sua geração e William Jensen sensei on ken, atualmente vice-presidente do Maniwa Nen ryu Hozonkai, durante manifestação no Taito-ku Riverside Sport Center)


Embora herdeiro da tradição Shintô-ryû, ele decide retornar às raízes de seu clã. Infelizmente, o conhecimento se perdeu em sua família. Além disso, ele decide visitar este padre itinerante. Na verdade, este último é o herdeiro da sétima geração do ramo Akamatsu Nen-ryû, um dos três ramos principais do Nen-ryû. Foi aceito como estudante e somente após 17 anos de prática intensiva (em 1590) pôde retornar para casa. Assim, ele conseguiu ressuscitar Nen-ryû em sua família, que deu o nome de sua aldeia. Começou então a unificar todas as técnicas do Shintô-ryû com as da escola Nen-ryû, tarefa que o levou 8 anos completos. Mostrou seu estilo a Akamatsu Gion, herdeiro da família de Nen-ryû, que então lhe deu o inka  de Nen-ryû, ou seja, o selo do fundador da escola. Em 1598, Maniwa Nen-ryû nasceu oficialmente.


Sua escola cresceu e os discípulos começaram a se aglomerar. Porém, ter discípulos nem sempre foi fácil. Em 1600 provocaram um confronto com os estudantes do Ten-ryû, então liderados por Murakami Gonzaemon. A força e a reputação de Murakami o precederam, pois ele era um colosso que empunhava um bokken de 1,20m, 20 a 30 cm mais alto que a média da época (não esqueçamos que os japoneses de então eram pequenos). Sadatsugu se preparou para o duelo por 3 dias e 3 noites no santuário Yamana na montanha próxima. Diz a lenda que ele esculpiu um bokken em madeira de nêspera japonesa ( nêspera ) , uma madeira dura, mas relativamente leve. No terceiro dia ele partiu uma pedra com seu bokuto. A pedra ainda está presente no santuário. No dia seguinte, ele matou Murakami com um único golpe.


O fim de Kaneshige Sadatsugu é bastante obscuro e acredita-se que, fugindo da aldeia de Maniwa para evitar a vingança dos Ten-ryû, ele morreu durante suas viagens distantes. O que devemos lembrar sobre Sadatsugu, entretanto, é que ele sempre se recusou a colocar sua arte ou a si mesmo a serviço de um senhor. Seus descendentes fizeram o mesmo e a verdadeira alma de Maniwa Nen-ryû é e continua sendo acima de tudo sua aldeia. A escola tinha grande reputação e até tinha um dojo em Edo, a capital. Mas foi sobretudo o terreno em redor da aldeia que moldou os mestres de Maniwa.


A esgrima sempre foi a pedra angular desta escola. A técnica da escola também influenciará escolas posteriores, mas muito famosas, incluindo Ittô-ryû,  Shinkage-ryû  e  Yagyu-Shinkage-ryû . Mas acima de tudo é uma escola completa de Bujutsu. Lá são praticados Naginata-jutsu, so-jotsu (lança) e yadome-jutsu. Porém, as técnicas do yadome-jutsu, que é a arte de parar flechas com uma espada, foram introduzidas no século XVIII. Além disso, o fundador do Nen-ryû era um especialista no uso de kusarigama e é responsável pela fundação da escola Isshin-ryû kusarigama-jutsu. Mas isso não é necessariamente verdade. Os historiadores pensam que esta escola é posterior porque as suas técnicas foram recolhidas e codificadas no século XVII. Eles tendem a se inclinar para o fato de que Tan Isshin seria o verdadeiro fundador desta escola, mas que ele teria estudado Maniwa Nen-ryû com  Yui Shōsetsu  (1605–1651). Ele nomeou sua escola de kusarigama-jutsu em homenagem ao fundador do Nen-ryû, cujos escritos o influenciaram profundamente. Note-se de passagem que a manipulação do kusarigama não faz parte do currículo do Maniwa Nen-ryû.


O kenjutsu Maniwa Nen-ryû possui diversas particularidades. Em primeiro lugar, não existe iaï nesta escola. Depois encontramos o uso da fukuro shinai (espada de bambu) no treinamento de assaltos chamados  kiriwara jiai . Os praticantes usam um capacete macio e acolchoado e um enorme par de luvas para se protegerem. Não se sabe exatamente quando esse equipamento se tornou padrão no treinamento. Mas uma coisa é certa, é pioneira no uso da proteção e da espada de bambu, com as escolas Shinkage e Yagyu Shinkage, cujos fundadores foram influenciados (Kamiizumi Hidetsuna e Yagyu Munetoshi) por Nen-ryû.


Muitos críticos afirmam que Maniwa Nen-ryû é um estilo bruto que carece singularmente de elegância e pureza técnica. Isto é sem dúvida verdade, mas não devemos esquecer que tem as suas raízes no passado distante da história japonesa. Também esta escola não ensina um kobudo, mas sim um kobujutsu  que provou a sua eficácia ao longo da sua existência com numerosos duelos e nos campos de batalha. Maniwa Nen-ryû está hoje sob a direção do 25º herdeiro e grão-mestre, Higuchi Sadahito.




Higuchi Sadahiro, 24º soke da escola, praticando Yadome-jutsu














fonte : https://www.fudoshinkan.eu/ecole-maniwa-nen-ryu/