O arco e flecha é um instrumento tipicamente primitivo no mundo e isso não se faz diferente no Japão.
Os primeiros registros de atividades com arco e flecha no Japão foram denominados Kyujutsu (Kyu: arco, Jutsu: técnica – tradução livre: “técnicas do arco”) datando do século VII. O Kyujutsu aborda o arco e flecha no aspecto técnico, voltado para o combate, para a guerra, uso ostensivo como arma e é a partir dele que deriva o Kyudo.
A origem do arco e flecha no Japão é ligado também a várias lendas, mitos e contos de fantásticos guerreiros/arqueiros e suas proezas, um exemplo disso é Minamoto no Tametomo que afundou um navio com uma única flecha e Nasu no Yoichi que, num desafio, acertou um leque colocado no alto do mastro de um navio, ancorado a cerca de setenta metros da costa, atirando montado a cavalo, à frente de ambos os exércitos que se enfrentavam na praia.
Com o passar do tempo e a gradual redução da cultura de guerra japonesa, bem como com as influências confuncionistas, budistas e shintoístas da população o Kyujutsu foi perdendo seu signifcado estritamente técnico e foi incorporando lentamente o espírito filosófico da Arte Marcial. Dessa forma, apesar da arte do arco e flecha ser antiga no Japão, é apenas no século XX que o termo Kyudo se difunde e se torna amplamente praticada e respeitada pela população japonesa. Sendo ainda que, somente em 1953, surge a Associação Japonesa de Kyudo (ANKF) para regular a prática do Kyudo no mundo.
O Kyudo (Kyu: arco, Do: caminho – tradução livre: “o caminho do arco”) é o termo japonês que define a prática marcial, tradicional e filosófica do arco e flecha como meio para aperfeiçoamento pessoal inserido em aspectos Zen-Budista. Portanto, é possível traçar comparações do Kyudo com o Chado (Cerimônia do Chá), Kado (Ikebana ou Caminho das Flores), Shodo (Caminho da Caligrafia) e outras artes praticadas pelos japoneses.
A essência do Kyudo não se encontra em acertar o alvo ou disparar uma flecha o mais longe possível, mas sim, se trata de um exercício para harmonizar mente, corpo e espírito.
Além desses três pontos, o Kyudo se fundamenta em três objetivos: Shin (verdade), Zen (bem) e Bi (beleza). Ou seja:
Shin: a verdade como conhecimento da vida real, que o praticante obtém pelo treino de arco e flecha.
Zen: o bem estimulado pela moralidade que surge da prática e do desempenho de um arqueiro, mostrando sua maturidade emocional e sinceridade espiritual.
Bi: a beleza com o natural e espontâneo, quando o arqueiro se torna verdadeiro e moralmente honesto, a estética simplesmente surge. É a expressão equilibrada da harmonia dos movimentos, sentimentos e espiritualidade.
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