sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Os Yamabushis e os Sohei

Ferozes guerreiros montanheses, acostumados a viver em locais inóspitos, a passarem por severas privações devido a seu modo de vida peculiar , o Shugen. (pessoa purificada, pureza de ação). Misto de monges e guerreiros, famosos pela utilização de conhecimentos esotéricos ocultos, dominarem as forças da mente, do espírito e da natureza, a história antiga do Japão é repleta de relatos de tais guerreiros, vistos como paladinos por uns, como bandoleiros anarquistas por outros, mas sempre cercada de alto mistério.

São também chamados de Shugen-sha ou Adeptos da Purificação ou Kensha – Adeptos da Magia.

Depois deles as tradições marciais do Japão nunca mais seriam as mesmas, varias escolas tradicionais tem suas ligações com estes adeptos, o próprio Kamiisumi Ise no Kami era um adepto e iniciou a tradição dos Espadachins Andarilhos (Shugyo = treinamento austero para purificação) depois seguida por Miyamoto Musashi, os Yagyu, Ito Kagehiza, Musso Gonosuke e outros tantos grandes mestres do Bujutsu Antigo e até mesmo modernos como Ueshiba Morihei do Aikido, Jigoro Kano do Judô , Funakoshi do Karate, Yamaoka Tesshu do Kendo e tantos outros que ainda percorrem os Caminhos dos Yamabushi. 
Suas lealdades geralmente convergiam para templos e altas personalidades monásticas, mas somente os adeptos genuínos sabiam onde e quem eram a sua liderança, locais de culto, etc.

Apesar de que muitos templos em determinadas Regiões do Japão terem até hoje uma forte associação a estes monges errantes, sendo inclusive rota de suas peregrinações, somente os Adeptos e iniciados dos Yamabushis conheciam os segredos de suas tradições.

A história Japonesa cita que devido a rápida proliferação do Budismo no Japão, as instituições religiosas agremiaram grande numero de adeptos por oferecerem uma “salvação” da alma e dos males que assolavam os homens nesta vida terrena, coisa que no Shintoísmo, isso nunca ficou exatamente claro.

Tais instituições religiosas acumularam diversas funções e poderes temporais junto ao Estado e dentre estas funções a de mantenedores da segurança e das fortunas dos templos, assim estava criado uma das forças marciais mais formidáveis do Japão, os Monges Guerreiros chamados Sohei e os Yamabushi.

 Monge Guerreiro Sohei com Armadura espada e Naginata Foto era Meiji


As vestes do monge guerreiro (soken) variavam de acordo com o tipo de ordem monástica, mas no geral elas continham:

zukin = capuz
goso kesa = faixa ornamental no ombro
motsuke kuro = kimono externo preto
sekitai obi = corda enrolada na cintura
kakuribakama = calça tipo hakama
shiro habaki = protetor de canela de tecido forrado

A espada é chamada de Kawa Tsutsumi.
Eles calçavam gueta jika ou waraji de palha.

Sua origem está, como já vimos anteriormente em diversos grupos sociais, em primeiro lugar nos devotos, em segundo nos campos e sociedade dos clãs do Jizamurais, em terceiro lugar nos guerreiros banidos, desvalidos.

No caso dos Sohei, o objetivo maior era servir a um templo ou ordem budista, já no caso dos Yamabushi, sua sociedade era mais dispersa, as vezes a serviço de um templo ou ordem budista ou shintoista abstrata, as vezes a serviço de seu clã ou as vezes a seu próprio serviço como por exemplo, caso um determinado líder fosse derrotado, seus guerreiros dispersavam-se como monges itinerantes das montanhas com o objetivo de se esconder ,mas ao mesmo tempo purificar suas forças para poder retornar e obter a revanche.

É notória a ligação dos Yamabushi com os povos simples e antigos, com os índios Ainus, Tankas, Sankas assim com os pobres e desvalidos, oprimidos pelo Estado Guerreiro.

Com a introdução do Budismo no Japão e a sua rápida expansão por todas as camadas sociais, não tardou para que a corrupção e a sede do poder tornassem os templos verdadeiras Cidades Estados com o acúmulo de Riquezas onde Sumo Sacerdotes rivalizavam poderes temporais com o Imperador e Senhores da Guerra Locais (Shoen).


O cotidiano dos monges era regido por extrema disciplina. O irmão Gaspar Vilela, um missionário jesuíta que visitou as instalações de um dos templos, em 1570, descreveu os monges guerreiros como sendo "muito parecidos com os Cavaleiros de Rodes" (denominação posterior da Ordem dos Hospitalários, que defendeu a Ilha de Rodes, na Grécia, com unhas e dentes, contra o sultão Suleiman em 1522). Para ele, os monges "eram devotados e preparados para lutar por sua fé". Segundo afirmou, a alimentação dos sohei obedecia aos princípios da moderação.

Geralmente, os monges comiam apenas uma ou duas vezes por dia, e o cardápio básico consistia de pequenas porções de arroz, peixe, vegetais, algas marinhas ou frutas. De vez em quando, a refeição era acrescida de carne de veado, de javali ou de pássaros. O jesuíta também deixou relatos sobre o treinamento diário dos sohei. Além das tradicionais obrigações religiosas e comunitárias, cada monge tinha que preparar de cinco a sete flechas por dia, além de tomar parte em competições com o arco ao menos uma vez por semana. 

Seus elmos, armaduras e lanças eram assustadoramente resistentes, e "suas afiadíssimas espadas podiam facilmente cortar um homem em dois, mesmo que ele estivesse utilizando armadura", O treinamento diário era severo, "e a morte ocasional de algum deles durante a prática era aceita sem nenhuma emoção", atestou o jesuíta. Mas um aspecto considerado chocante por Vilela foi constatar que, ao contrário da doutrina monástica ocidental, os sacerdotes guerreiros tinham acesso a bebida - não abriam mão de doses de saquê -, mulheres e música.

Após a destruição dos templos pelo então perseguidor Oda Nobunaga em 1560, as ordens Sohei dispersaram seus efetivos em formas diferentes de Monges, e se mesclaram com os Shugensha e os Yamabushi, os que se debruçam nas montanhas, guerreiros montanheses que se isolavam e agiam longe das vistas do Governo, ajudando o povo simples, pregando a libertação do homem pelo materialismo, continuando secretamente a realizar o plano da ordem de criar um reino celestial na Terra.


Os Yamabushis foram responsáveis por um movimento de renovação tanto do Budismo como do Shintoismo e este movimento recebeu o nome de Shugendo – O Caminho a ser percorrido pela pessoa para retornar a purificação Divina.

Falar de Shugendo é sempre complexo pois o termo abrange uma série de credos oriundos do Budismo, do Shintoismo e dos antigos Xamãs do Japão e isso tudo fica por demais dificil ser estudado sem que alguém o tenha seguido para poder explicá-lo pois o Shugendo é um caminho iniciático.

O Significado do nome Shugendo:
修 Shu = Treinamento austero
験 Gen = conhecimento da arte, poderes, magia.
道 Dô = Caminho, via, forma a seguir

Sua cerimônias são fechadas e visam fazer o praticante renascer morrendo em corpo físico, mas ressurgindo em corpo espiritual, um paralelo sem igual ao cristianismo Gnostico.


Fonte: fotos e textos adaptadosdo site http://espacoshugen.blogspot.com.br/2011/07/o-legado-dos-monges-guerreiros-sohei-e.html


Um comentário: