sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Estrutura Familiar dos Samurais

  foto: http://aidobonsai.com/2009/06/14/fotos-antigas-do-japao/



Agora que já temos uma noção geral do que era o samurai, vamos saber um pouco mais sobre a sua estrutura familiar.

A criança samurai 

Todo samurai considera ponto de honra ele próprio cuidar da educação de seus filhos, com a indispensável ajuda de sua esposa. A educação que a criança recebe por seus pais tem por finalidade moldar suas almas com os princípios da classe guerreira, tais quais: lealdade e devoção ao senhor, coragem, auto-disciplina e destemor da morte, para que assim os filhos do samurai se tornem dignos de seu nome.

Desde os 5 anos de idade as crianças já aprendem a manejar o arco-e-flecha atirando contra alvos ou em caçadas, sob a orientação paterna. Posteriormente treinam também a equitação - indispensável ao bom samurai.


A educação possuía 2 ramos essenciais:

1 - Escrita chinesa e conhecimento de clássicos japoneses e chineses

2 - Manejo de armas
 

Aos 10 anos de idade, a criança ficava durante 4 ou 5 anos recebendo educação intensiva. Isso consistia no treinamento da caligrafia, matérias gerais e exercícios físicos. A noite era reservada para a poesia e a música (os samurais tocavam o shakuhachi, a flauta de bambu japonesa).
A leitura consistia em crônicas de guerra, história antiga, coleções de máximas, etc., todos destinados a moldar uma mentalidade marcial no jovem samurai.

Aos 15 anos, o samurai é reconhecido como adulto. Nessa idade ele passa pela cerimônia do gempuku, através da qual é confirmada sua nova condição adulta. A partir daí ele passa a portar também duas espadas de verdade à cintura e tem de obedecer ao bushido (código de honra). Há também uma mudança em sua aparência, tanto no penteado como na forma de vestir-se.



A esposa do samurai


Na classe dos bushi, a mulher ocupa importantes funções, apesar de não possuir autoridade absoluta. Tem de cuidar da cozinha e das roupas de todos os membros da casa. Além disso, tem importante papel na educação das crianças: sua obrigação é incutir na mente delas os ideais da classe samurai e princípios básicos do budismo e confucionismo. Toda a educação dos filhos é supervisionada pelo marido.
Quando o samurai não se encontrava em casa, o que acontecia com freqüência, a mulher assumia o controle do lar. Isso incluía, além dos trabalhos domésticos, a defesa do lar. Em tempos de guerra, se a casa do samurai fosse atacada, a mulher tinha por função defendê-la com as próprias mãos, usando uma espécie de espada denominada naginata. Tal qual o samurai servindo ao seu senhor (daimyo), a mulher também tinha de servir ao seu marido, sendo fiel e compenetrada em suas funções. Crônicas de guerra da época nos contam sobre mulheres de samurais que, na defesa de seus lares, empunham armas, atiram com arcos e até mesmo acompanham os seus maridos em campos de batalha. Isso demonstra que elas possuíam grande sagacidade e coragem.

As crônicas de guerra, como o "Azuma Kagami", contam-nos que esposas de samurais lutavam na defesa de seus lares, empunhando alabarda, atirando com arco ou até acompanhando seus maridos nos campos de batalha. Essas mulheres demonstravam muita coragem ao enfrentarem o perigo sem medo.
Sem perder a feminilidade essas esposas, cuidavam de sua aparência vestiam-se com esmero; gostavam de manter a pele clara, usando batom e pintando os dentes de preto (tingir os dentes de preto era hábito de toda mulher casada), tiravam a sobrancelha e cuidavam com muito carinho dos longos cabelos escuros.

O casamento


Como em muitas outras culturas, o casamento era tratado mais como uma união de interesses do que propriamente uma união amorosa. Prova disso é que ele muitas vezes era arranjado pelos pais, mas com o consentimento dos jovens. Segundo velhos costumes, muitas vezes as preliminares eram confiadas a um intermediário.

No caso da mulher do samurai ser estéril, o marido tem por direito uma segunda esposa, para que esta possa lhe dar descendentes. A partir do século XV esse costume vai desaparecendo, prevalecendo assim a monogamia.

Sucessão 


Por tradição, o herdeiro do samurai tende a ser o seu filho primogênito. Entretanto isso não chega a ser regra, pois o mais importante para o samurai é escolher o filho mais apto a ser bom guerreiro, e a defender o nome de sua família. Na ausência de um herdeiro homem, ou se o samurai achar que nenhum de seus filhos é digno de honrar o nome de sua família, ele pode recorre à adoção (chamada yôshi), geralmente de um parente ou genro. 
O processo de adoção existe desde a antiguidade do Japão, e surge da necessidade primordial do samurai de encontrar um herdeiro capaz de honrar e cultuar os seus antepassados, e proteger o nome e as posses de sua família contra eventuais rivais. O herdeiro tem por função sustentar seus irmãos e irmãs, que se tornam seus dependentes após a morte de seu pai.



  foto: http://www.niten.org.br/cafe-com-sensei/listar/2007?pagina=4


Adaptado do livro: História dos Samurais, de José Yamashiro

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